Sajid Javid deixou o cargo de ministro das Finanças na sequência da imposição do primeiro-ministro Boris Johnson em despedir toda a equipa de assessores, numa remodelação governamental já esperada desde dezembro..Com um governo assente numa maioria parlamentar de 80 deputados e a batalha do Brexit ganha, era chegada a altura de Boris Johnson reformular o governo com o objetivo de livrar-se de ministros inconvenientes, reforçar os poderes e atacar as prioridades da legislatura, que passam pelo aumento do investimento público. O Times adiantava nas vésperas de Natal que Dominic Cummings, o todo-poderoso assessor do primeiro-ministro, preparava "uma das mais ambiciosas" remodelações da história do governo, ao ponto de ser chamada de "massacre de São Valentim"..Um mês depois, as expectativas eram outras. A Spectator antevia que "a remodelação poderá acabar por ser menos radical do que o esperado". Isto porque os ministros estavam a mostrar serviço e lealdade. Exemplo: o ministro das Finanças, Sajid Javid. Este estaria a responder de forma positiva aos planos de investimento em infraestruturas, como por exemplo a linha ferroviária de alta velocidade. Isto apesar das restrições do programa eleitoral e da tradição, na política britânica, de o chanceler do Tesouro (ministro das Finanças) seguir uma política de grande autonomia face ao chefe do governo..A demissão de Javid poderá não ter surpreendido Johnson e Cummings, mas abalou Londres, em especial pelo momento: falta um mês para o Orçamento do Estado ser apresentado. A este respeito o porta-voz de Johnson disse que "já foram feitos preparativos extensos para o orçamento e eles continuarão em ritmo acelerado"..A imprensa britânica deu conta de que o antigo banqueiro e ex-adversário de Boris Johnson à liderança do Partido Conservador teria entrado em conflito com Dominic Cummings..Downing Street disse que haveria agora uma equipa conjunta de consultores económicos para o ministro das Finanças e para o primeiro-ministro..O ministro das Finanças disse que "não tinha outra opção" senão demitir-se. "Eu não podia aceitar estas condições. Não acredito que ministro algum respeitável aceitasse tais condições e por isso senti que a melhor coisa a fazer era sair", disse aos jornalistas à porta de casa..Na carta de demissão, ao mesmo tempo que declara apoio ao governo na bancada parlamentar, deixa uma crítica velada: "Acredito que é importante para os líderes terem equipas de confiança que reflitam o carácter e a integridade a que gostariam de estar associados."."Gostavas de dizer-nos que és filho de um motorista de autocarros. Agora Cummings atirou-te para debaixo de um autocarro", uma expressão britânica que significa trair alguém, escreveu o deputado trabalhista Kevin Brennan..Javid foi substituído de imediato pelo seu secretário de Estado. Rishi Sunak, de 39 anos, é ex-quadro do banco de investimento Goldman Sachs, genro do bilionário indiano Narayana Murthy e fervoroso apoiante do Brexit. Na dança de cadeiras, o ex-ministro do Brexit Steve Barclay assumiu a posição de Sunak como secretário de Estado das Finanças..Controlo absoluto das Finanças.O ministro-sombra das Finanças, John McDonnell, disse que Dominic Cummings "ganhou a batalha para assumir o controlo absoluto das Finanças", tendo "instalado um fantoche" num governo "em caos semanas depois das eleições".."Isto não é apenas do afastamento de um ministro das Finanças. É uma estratégia do número 10 para 'retomar o controlo' da tomada de decisões financeiras. É sobre matar ou sufocar a 'visão das Finanças' que tende a recomendar restrições em vez de esbanjamento", comenta o editor de economia da Sky News, Ed Conway..Para Paul Dales, economista chefe da Capital Economics, a mudança "parece ter sido concebida para permitir que o governo aprove aumentos ainda maiores nos investimentos públicos e talvez ressuscitar cortes de impostos"..Johnson iniciou a remodelação do seu gabinete com as exonerações dos ministros da Economia, Habitação e Meio Ambiente, Irlanda do Norte, e o procurador-geral..Surpresa na Irlanda.A saída do ministro para a Irlanda do Norte, Julian Smith, foi também surpreendente dado o papel do governante no regresso aos trabalhos do governo de Belfast, no mês passado, após uma suspensão de três anos. Prova do seu trabalho foi o testemunho do primeiro-ministro da República da Irlanda, Leo Varadkar: "Em oito meses como ministro, Julian, ajudaste a restaurar a partilha de poder em Stormont [sede do governo e da assembleia], assinaste um acordo connosco para evitar uma fronteira rígida, além da igualdade no casamento. És um um dos melhores políticos britânicos do nosso tempo.".O ministro dos Negócios Estrangeiros Simon Coveney disse que o papel de Smith foi fulcral para o regresso de um governo em Belfast "num momento de verdadeiro desafio e risco"..Smith ajudou a persuadir os dois principais partidos, Sinn Féin e o Partido Democrata Unionista (DUP), a trabalharem juntos pela primeira vez desde janeiro de 2017. A líder do DUP e agora chefe do executivo da Irlanda do Norte Arlene Foster também saudou a "dedicação ao cargo" de Smith..O The Times explica que Boris Johnson não o perdoou porque o acordo inclui uma investigação sobre alegados crimes cometidos por soldados britânicos durante décadas de violência sectária. Para o lugar de Julian Smith foi nomeado Brandon Lewis, até agora secretário de Estado da Segurança..A líder do Sinn Féin e candidata à liderança do governo de Dublin, após a vitória eleitoral no sábado passado, Mary Lou McDonald, disse que quer encontrar-se "urgentemente" com Brandon Lewis e mostrou-se "preocupada com o despedimento de Julian Smith" por poder ser um "recuo" nas questões acordadas..Outras nomeações importantes para os planos de Cummings e Johnson foram as da nova procuradora-geral e do novo ministro da Cultura, Media, Digital e Desportos..Retomar o controlo dos tribunais.Suella Braverman, de 39 anos, substituiu o procurador-geral Geoffrey Cox. Nascida Fernandes (de família de origem goesa), a advogada Braverman presidiu ao grupo de deputados brexiteers European Research Group e demitiu-se do cargo de secretária do Brexit do governo de Theresa May por discordar com o acordo com a UE..Recentemente questionou no Parlamento o primeiro-ministro sobre que medidas pensava tomar para acabar com "o ativismo judicial" e escreveu um artigo que defende "retomar o controlo, não só da UE, mas do sistema judicial". Em que sentido? Porque, para Braverman não é admissível que os tribunais, compostos por pessoas não eleitas, tenham enfrentado o governo, como foram os recentes casos das decisões do Supremo Tribunal de dar aos deputados o voto final sobre o Artigo 50.º (saída da UE), bem como a decisão de que a suspensão do Parlamento por Johnson foi ilegal..Transformar a BBC numa Fox News?.Por fim, Oliver Dowden, de 41 anos, substitui Nicky Morgan, que transitara para a Câmara dos Lordes depois de ter feito frente a Boris Johnson e não concorrera às eleições. Entre as muitas responsabilidades de Dowden estará a reforma da BBC. Os cidadãos britânicos pagam uma taxa anual pelos serviços de televisão, rádio e internet da emissora pública. Nicky Morgan defendeu em entrevista a descriminalização para quem não pagar a taxa, uma medida que será do agrado do número 10 de Downing Street..O canal público é há muitos anos um alvo a abater por Dominic Cummings. O de facto chefe de gabinete chefiou uma fundação, New Frontiers, que pedira o fim da BBC "na sua configuração atual" e pedia a criação de uma Fox News britânica. Além do mais o par Johnson e Cummings "pretende ter influência significativa na nomeação do novo diretor-geral" da BBC, segundo o editor de política da ITV Robert Peston. Elizabeth Murdoch, filha do magnata dos media Rupert Murdoch, foi dada como futura diretora, mas já desmentiu esse cenário.
Sajid Javid deixou o cargo de ministro das Finanças na sequência da imposição do primeiro-ministro Boris Johnson em despedir toda a equipa de assessores, numa remodelação governamental já esperada desde dezembro..Com um governo assente numa maioria parlamentar de 80 deputados e a batalha do Brexit ganha, era chegada a altura de Boris Johnson reformular o governo com o objetivo de livrar-se de ministros inconvenientes, reforçar os poderes e atacar as prioridades da legislatura, que passam pelo aumento do investimento público. O Times adiantava nas vésperas de Natal que Dominic Cummings, o todo-poderoso assessor do primeiro-ministro, preparava "uma das mais ambiciosas" remodelações da história do governo, ao ponto de ser chamada de "massacre de São Valentim"..Um mês depois, as expectativas eram outras. A Spectator antevia que "a remodelação poderá acabar por ser menos radical do que o esperado". Isto porque os ministros estavam a mostrar serviço e lealdade. Exemplo: o ministro das Finanças, Sajid Javid. Este estaria a responder de forma positiva aos planos de investimento em infraestruturas, como por exemplo a linha ferroviária de alta velocidade. Isto apesar das restrições do programa eleitoral e da tradição, na política britânica, de o chanceler do Tesouro (ministro das Finanças) seguir uma política de grande autonomia face ao chefe do governo..A demissão de Javid poderá não ter surpreendido Johnson e Cummings, mas abalou Londres, em especial pelo momento: falta um mês para o Orçamento do Estado ser apresentado. A este respeito o porta-voz de Johnson disse que "já foram feitos preparativos extensos para o orçamento e eles continuarão em ritmo acelerado"..A imprensa britânica deu conta de que o antigo banqueiro e ex-adversário de Boris Johnson à liderança do Partido Conservador teria entrado em conflito com Dominic Cummings..Downing Street disse que haveria agora uma equipa conjunta de consultores económicos para o ministro das Finanças e para o primeiro-ministro..O ministro das Finanças disse que "não tinha outra opção" senão demitir-se. "Eu não podia aceitar estas condições. Não acredito que ministro algum respeitável aceitasse tais condições e por isso senti que a melhor coisa a fazer era sair", disse aos jornalistas à porta de casa..Na carta de demissão, ao mesmo tempo que declara apoio ao governo na bancada parlamentar, deixa uma crítica velada: "Acredito que é importante para os líderes terem equipas de confiança que reflitam o carácter e a integridade a que gostariam de estar associados."."Gostavas de dizer-nos que és filho de um motorista de autocarros. Agora Cummings atirou-te para debaixo de um autocarro", uma expressão britânica que significa trair alguém, escreveu o deputado trabalhista Kevin Brennan..Javid foi substituído de imediato pelo seu secretário de Estado. Rishi Sunak, de 39 anos, é ex-quadro do banco de investimento Goldman Sachs, genro do bilionário indiano Narayana Murthy e fervoroso apoiante do Brexit. Na dança de cadeiras, o ex-ministro do Brexit Steve Barclay assumiu a posição de Sunak como secretário de Estado das Finanças..Controlo absoluto das Finanças.O ministro-sombra das Finanças, John McDonnell, disse que Dominic Cummings "ganhou a batalha para assumir o controlo absoluto das Finanças", tendo "instalado um fantoche" num governo "em caos semanas depois das eleições".."Isto não é apenas do afastamento de um ministro das Finanças. É uma estratégia do número 10 para 'retomar o controlo' da tomada de decisões financeiras. É sobre matar ou sufocar a 'visão das Finanças' que tende a recomendar restrições em vez de esbanjamento", comenta o editor de economia da Sky News, Ed Conway..Para Paul Dales, economista chefe da Capital Economics, a mudança "parece ter sido concebida para permitir que o governo aprove aumentos ainda maiores nos investimentos públicos e talvez ressuscitar cortes de impostos"..Johnson iniciou a remodelação do seu gabinete com as exonerações dos ministros da Economia, Habitação e Meio Ambiente, Irlanda do Norte, e o procurador-geral..Surpresa na Irlanda.A saída do ministro para a Irlanda do Norte, Julian Smith, foi também surpreendente dado o papel do governante no regresso aos trabalhos do governo de Belfast, no mês passado, após uma suspensão de três anos. Prova do seu trabalho foi o testemunho do primeiro-ministro da República da Irlanda, Leo Varadkar: "Em oito meses como ministro, Julian, ajudaste a restaurar a partilha de poder em Stormont [sede do governo e da assembleia], assinaste um acordo connosco para evitar uma fronteira rígida, além da igualdade no casamento. És um um dos melhores políticos britânicos do nosso tempo.".O ministro dos Negócios Estrangeiros Simon Coveney disse que o papel de Smith foi fulcral para o regresso de um governo em Belfast "num momento de verdadeiro desafio e risco"..Smith ajudou a persuadir os dois principais partidos, Sinn Féin e o Partido Democrata Unionista (DUP), a trabalharem juntos pela primeira vez desde janeiro de 2017. A líder do DUP e agora chefe do executivo da Irlanda do Norte Arlene Foster também saudou a "dedicação ao cargo" de Smith..O The Times explica que Boris Johnson não o perdoou porque o acordo inclui uma investigação sobre alegados crimes cometidos por soldados britânicos durante décadas de violência sectária. Para o lugar de Julian Smith foi nomeado Brandon Lewis, até agora secretário de Estado da Segurança..A líder do Sinn Féin e candidata à liderança do governo de Dublin, após a vitória eleitoral no sábado passado, Mary Lou McDonald, disse que quer encontrar-se "urgentemente" com Brandon Lewis e mostrou-se "preocupada com o despedimento de Julian Smith" por poder ser um "recuo" nas questões acordadas..Outras nomeações importantes para os planos de Cummings e Johnson foram as da nova procuradora-geral e do novo ministro da Cultura, Media, Digital e Desportos..Retomar o controlo dos tribunais.Suella Braverman, de 39 anos, substituiu o procurador-geral Geoffrey Cox. Nascida Fernandes (de família de origem goesa), a advogada Braverman presidiu ao grupo de deputados brexiteers European Research Group e demitiu-se do cargo de secretária do Brexit do governo de Theresa May por discordar com o acordo com a UE..Recentemente questionou no Parlamento o primeiro-ministro sobre que medidas pensava tomar para acabar com "o ativismo judicial" e escreveu um artigo que defende "retomar o controlo, não só da UE, mas do sistema judicial". Em que sentido? Porque, para Braverman não é admissível que os tribunais, compostos por pessoas não eleitas, tenham enfrentado o governo, como foram os recentes casos das decisões do Supremo Tribunal de dar aos deputados o voto final sobre o Artigo 50.º (saída da UE), bem como a decisão de que a suspensão do Parlamento por Johnson foi ilegal..Transformar a BBC numa Fox News?.Por fim, Oliver Dowden, de 41 anos, substitui Nicky Morgan, que transitara para a Câmara dos Lordes depois de ter feito frente a Boris Johnson e não concorrera às eleições. Entre as muitas responsabilidades de Dowden estará a reforma da BBC. Os cidadãos britânicos pagam uma taxa anual pelos serviços de televisão, rádio e internet da emissora pública. Nicky Morgan defendeu em entrevista a descriminalização para quem não pagar a taxa, uma medida que será do agrado do número 10 de Downing Street..O canal público é há muitos anos um alvo a abater por Dominic Cummings. O de facto chefe de gabinete chefiou uma fundação, New Frontiers, que pedira o fim da BBC "na sua configuração atual" e pedia a criação de uma Fox News britânica. Além do mais o par Johnson e Cummings "pretende ter influência significativa na nomeação do novo diretor-geral" da BBC, segundo o editor de política da ITV Robert Peston. Elizabeth Murdoch, filha do magnata dos media Rupert Murdoch, foi dada como futura diretora, mas já desmentiu esse cenário.