Boris Johnson recua. Enfermeiros imigrantes já não vão pagar taxa de saúde

O primeiro-ministro britânico mudou completamente de opinião em 24 horas e anunciou que todos os profissionais do serviço de saúde vão ser isentos de pagar a sobretaxa de saúde aplicada a imigrantes com visto de trabalho.
Publicado a
Atualizado a

Os protestos tiveram efeito e Boris Johnson recuou na intenção de manter e até agravar o custo da sobretaxa de saúde que é aplicada no Reino Unido aos profissionais imigrantes, de fora da UE, que trabalham no NHS [Serviço Nacional de Saúde britânico]. Enfermeiros como a neozelandesa Jenny McGee e o português Luís Pitarma, que trataram o primeiro-ministro britânico quando esteve internando com covid-19, já não terão assim de pagar as 400 libras (445 euros) por ano.

"O primeiro-ministro solicitou ao Ministério do Interior e ao Departamento de Saúde e Assistência Social a remoção da sobretaxa aos profissionais de saúde do NHS o mais rápido possível. Este trabalho está em andamento e todos os detalhes serão anunciados nos próximos dias", anunciou em comunicado Downing Street, nesta tarde de quinta-feira.

Na nota, o governo diz que Boris Johnson pensou bastante no assunto. "Foi um beneficiário pessoal de profissionais estrangeiros e entende as dificuldades enfrentadas pela nossa incrível equipa do NHS. O objetivo da sobretaxa do NHS é beneficiar o NHS, ajudar a cuidar dos doentes e salvar vidas. O NHS e os profissionais de saúde do exterior que recebem vistos já estão a fazer isso com a fantástica contribuição que fazem", lê ainda no comunicado.

Johnson esteve internado com covid-19 e foram a neozelandesa Jenny McGee,e o português Luis Pitarma os enfermeiros que o assistiram durante os dias que passou em cuidados intensivos, o que levou a um agradecimento público.

Esta reviravolta é a resposta do governo à indignação gerada na quarta-feira quando Johnson anunciou no Parlamento que iria manter esta sobretaxa sobre os profissionais de saúde que fossem estrangeiros e estejam com visto de trabalho.

Na altura, adiantou que esta taxa que, nesta altura, é aplicada a todos os imigrantes de fora da UE vai aumentar para 624 libras (695 euros) por ano - e vai ser estendida aos imigrantes oriundos da UE assim que concluído o processo do Brexit, previsto para janeiro, o que passará então a incluir os portugueses em Inglaterra com visto de trabalho.

Boris Johnson até admitiu que foi tratado por enfermeiros estrangeiros como o português Luís Pitarma. "Salvaram-me a vida, é verdade. Mas temos de olhar para a realidade. Este é um ótimo serviço nacional, é uma instituição que precisa de financiamento e essas contribuições ajudam a arrecadar cerca de 900 milhões de libras (1000 milhões de euros), e é muito difícil, nas circunstâncias atuais, encontrar fontes alternativas. É o caminho certo a seguir", disse na quarta-feira. Hoje mudou de ideias.

Os sindicatos de profissionais de saúde protestaram de imediato, tal como o líder do Partido Trabalhista Keir Starmer e mesmo alguns deputados conservadores. Starmer já reagiu a esta decisão do governo dizendo que "Boris Johnson fez bem em recuar e apoiar a nossa proposta de isentar os trabalhadores do NHS da taxa de saúde". Concluiu que "é uma vitória da decência e a coisa certa a fazer".

A medida de remover todos os trabalhadores imigrantes do NHS e de assistência médica da sobretaxa abrange "todos os trabalhadores do NHS , que vão desde a equipa médica até porteiros e pessoal de transporte e de limpeza". Também inclui trabalhadores independentes de saúde e assistentes sociais.

Para os imigrantes que trabalham fora do setor de saúde e assistência social, a sobretaxa do NHS permanecerá em vigor e o aumento planeado, de 400 para 624 libras, ocorrerá em outubro.

Artigos Relacionados

No stories found.
Diário de Notícias
www.dn.pt