Esta é a semana-chave no que respeita ao processo de saída do Reino Unido da União Europeia. A data-limite para o Brexit é quinta-feira, dia 31, mas não há nem acordo aprovado no Parlamento britânico nem uma nova extensão do artigo 50.º aprovada pela UE27. Em última análise, se nada acontecer até lá, os britânicos podem, por acidente, sair sem acordo da UE neste dia..Na terça-feira, a UE pretende dizer que tipo de extensão irá conceder ao Reino Unido. Isto depois de o primeiro-ministro Boris Johnson ter enviado um pedido de extensão para Bruxelas no contexto da Lei Benn. Mas fê-lo de forma bizarra. Enviou uma carta não assinada a pedir a extensão e outra assinada a dizer que não concorda com a primeira. Houve ainda uma terceira carta enviada pelo embaixador do Reino Unido junto da UE dizendo que o pedido de extensão é uma posição do Parlamento e não do governo..Antes disso, o Parlamento britânico tem de se entender em relação ao que pretende fazer. Nesta segunda-feira, o chefe do governo britânico e líder do Partido Conservador pretende apresentar a votação uma moção no sentido de provocar eleições antecipadas a 12 de dezembro, tentando fazer aprovar o acordo do Brexit que renegociou com a UE27 antes do início da campanha a 6 de novembro..O Labour de Jeremy Corbyn concorda com o princípio de eleições antecipadas, mas quer, antes de as viabilizar, que Boris Johnson afaste de uma vez por todas no Parlamento um cenário de No Deal Brexit. Tanto agora como depois do fim do período de transição..Em setembro, Boris Johnson já tentara provocar eleições antecipadas, por duas vezes, mas falhou. À luz do Fixed-term Parliaments Act 2011 é preciso que pelo menos dois terços dos deputados da Câmara dos Comuns votem a favor da moção. O que é muito difícil. Uma vez que o Partido Conservador mais os seus aliados nem sequer maioria absoluta têm, quanto mais maioria de dois terços..Ultrapassando o Labour de Corbyn, que não é capaz de tomar uma posição, os líderes dos liberais-democratas e do Partido Nacionalista Escocês, Jo Swinson e Ian Blackford, respetivamente, apresentaram neste sábado um plano para um calendário alternativo..Os dois líderes fizeram saber ao primeiro-ministro britânico que, se for concedido um adiamento até janeiro, como contido na Lei Benn, aceitam a realização de eleições antecipadas. Porém, como condições, colocam a data, as eleições seriam a 9 de dezembro e, até lá, Boris Johnson e o seu governo dominado por brexiteers radicais não voltariam a submeter a votação no Parlamento o seu acordo do Brexit..Em paralelo, Jo Swinson e Ian Blackford enviaram uma carta ao presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, a pedir à UE27 que conceda ao Reino Unido um adiamento do Brexit até 31 de janeiro sem que seja possível sair antes. Porém, fontes europeias citadas no domingo à noite pela Reuters indicaram que a UE27 está inclinada para dar uma extensão até 31 de janeiro, deixando em aberto a possibilidade de o Reino Unido sair antes se o Parlamento britânico aprovar, entretanto, o acordo do Brexit..A segunda parte desta estratégia, se Boris aceitar, é os liberais-democratas apresentarem um projeto de lei para emendar o Fixed- term Parliaments Act, noticiou a ITV. Se a emenda for aprovada, a partir daqui bastará uma maioria simples para aprovar novas eleições..Se essa iniciativa falhar, o Partido Nacionalista Escocês (SNP) apresentará, na terça-feira, uma moção de não confiança contra Boris Johnson. Se a iniciativa do SNP for bem-sucedida, o Parlamento será dissolvido nesta semana e as eleições convocadas para 5 de dezembro..Swinson e Blackford não querem que o Parlamento regresse ao debate sobre a proposta de acordo de retirada da UE. Os partidos de ambos são contra o Brexit. Em cenário de eleições, vão fazer campanha contra o Brexit, tendo os liberais-democratas prometido mesmo revogar o artigo 50.º se chegassem ao governo, ou seja, cancelar o Brexit..Boris Johnson - que segundo o The Telegraph pondera estudar a oferta destes dois partidos e fazer um acordo com os liberais-democratas e os nacionalistas escoceses - irá, certamente, durante a campanha eleitoral defender o seu acordo do Brexit. Assim, os três partidos têm bastante claro o que querem fazer durante a campanha para as eleições. Já o Labour, principal partido da oposição, tarda em esclarecer..Segundo uma sondagem da Opinium publicada neste domingo pelo The Observer, o Partido Conservador de Boris Johnson surge com 40% das intenções de voto e o Labour de Jeremy Corbyn com 24%. Ou seja: os conservadores têm uma vantagem de 16%. Os liberais-democratas de Jo Swinson surgem em terceiro lugar com 15%, o Partido do Brexit de Nigel Farage com 10%, o SNP com 5% e os Verdes com 3%..O mesmo estudo de opinião revelou que a maioria dos inquiridos, 57%, consideram que o melhor teria sido que, em 2016, não tivesse havido uma consulta popular. 29%, porém, concordam com a organização do referendo que deu 52% a favor do Brexit e 48% são contra. Entre os defensores da permanência do Reino Unido na UE, a percentagem dos que consideram que não deveria ter havido referendo é de 87%. Apenas 7% pensam que foi uma boa ideia. Entre os que votaram pela saída, 57% continuam a achar que foi a decisão correta, 32% têm agora uma opinião contrária.