Boris e a UE: se não houver acordo até 15 de outubro é "seguir em frente"
Bruxelas já tinha indicado que meados de outubro era a última data em que um acordo comercial entre Reino Unido e UE poderia ser alcançado, dada a necessidade de tradução e ratificação pelo Parlamento Europeu. Agora o chefe do governo britânico confirmou 15 de outubro como a data-limite e tentou preparar os concidadãos para o cenário mais provável, uma saída sem acordo de livre comércio.
"É necessário que haja um acordo com os nossos amigos europeus até à altura do Conselho Europeu de 15 de outubro para aquele entrar em vigor até ao final do ano", afirmou em observações divulgadas pelo seu gabinete.
"Portanto, não há sentido em pensar para além desse ponto. Se não conseguirmos chegar a acordo até lá, então não vejo que possa haver um acordo de comércio livre entre nós e devemos ambos aceitar isso e seguir em frente."
Se isso acontecer, o Reino Unido terá um acordo "ao estilo da Austrália" com a UE ou um acordo semelhante ao acordado com o Canadá e outros países, disse. O acordo ao estilo da Austrália não é mais do que realizar trocas comerciais com a UE ao abrigo das regras e tarifas da Organização Mundial do Comércio.
Johnson, porém, disse que esse regime ainda seria um "bom resultado" para o Reino Unido.
A oitava ronda de negociações vai ser retomada em Londres na terça-feira, com ambas as partes a endurecer o discurso à medida que o calendário avança.
O negociador principal do Reino Unido, David Frost, prometeu que não haveria compromisso nas linhas vermelhas de Londres.
O seu homólogo da UE, Michel Barnier, disse que as conversações sobre a necessidade de obter um acordo sobre o acesso da UE às zonas de pesca do Reino Unido e as regras em matéria de auxílios estatais não foram bem-sucedidas, mas o Reino Unido não cedeu.
O Reino Unido deixou formalmente a UE a 31 de janeiro, depois de os resultados do referendo de 2016 terem sido convertidos em lei, após meses de crise política.