Bolsonaristas querem demissão de mais um ministro da saúde
""Manicure? Não sabia. O que mais? Academia? Não, não sabia. E barbearia? Não sabia".
As palavras, proferidas com ar surpreendido e constrangido, são do ministro da saúde do Brasil, à medida que os jornalistas que o questionavam durante a conferência de imprensa diária sobre a pandemia o iam informando dos setores da economia que Jair Bolsonaro havia considerado "essenciais" momentos antes e estão, por isso, livres para reabrir portas.
"Não é decisão do ministério da saúde, deve ser do ministério da economia", prosseguiu Nelson Teich, que chegou ao cargo há três semanas, em substituição do também demitido Luiz Henrique Mandetta.
O episódio, definido pelo comentador da Globonews Otávio Guedes, como "um dos mais patéticos deste período de apagão de decência que vivemos", prova que o prestígio de Teich no governo de Bolsonaro vem caindo a pique.
Aos poucos, a maioria dos observadores vem notando que o médico oncologista adequa o seu discurso ao do antecessor, que saiu em choque com o presidente por defender o isolamento social nos moldes que vem sendo efetuado na maioria dos países do mundo.
Teich revela também pouco entusiasmo pela cloroquina, o remédio que Bolsonaro acredita possa ser a salvação no combate à doença. "A cloroquina não vai ser a bala de prata que as pessoas pensavam ser, estudos mostram isso", disse fonte do ministério à CNN Brasil.
Além disso, uma publicação do ministro nas redes sociais no Dia da Mãe, que se celebrou no último fim de semana no Brasil, também não caiu bem entre bolsonaristas. Teich escreveu "principalmente para aquelas mães que hoje choram a perda dos seus filhos e para os filhos que hoje não podem comemorar o dia com as mães".
A reação à publicação não foi positiva entre apoiantes do governo, que iniciaram um bombardeamento online que incluía a hashtag "teichliberaacloroquina" e até a acusação de "comunismo".
O preferido da ala mais radical do bolsonarismo e do próprio presidente é Osmar Terra, médico que ocupava a pasta da cidadania e é opositor claro do isolamento social como forma de combate ao novo coronavírus.