Bloqueio. Espanha sem perspetiva de governo maioritário

Sondagens apontam para a subida da direita (Partido Popular) e da extrema-direita (Vox) e a incapacidade para formar maioria parlamentar que aprove um governo. Espanhóis não têm grandes ilusões sobre a quarta eleição em quatro anos, que decorre no próximo domingo.
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O bloqueio político pode persistir após as eleições parlamentares de dia 10 em Espanha, com o PSOE de Pedro Sánchez como vencedor, mas sem maioria, enquanto a extrema-direita do Vox pode duplicar o número de mandatos, segundo as últimas sondagens. A esmagadora maioria dos eleitores não acredita que do sufrágio saia um executivo capaz de governar com estabilidade.

De acordo com a sondagem publicada pelo El País, o Partido Socialista será o mais votado, elegendo 121 deputados, mas perderia dois lugares em relação às últimas eleições, de 28 de abril.

A estratégia de Pedro Sánchez estará longe de resultar, porque não só está mais longe da maioria absoluta de 176 lugares, mas também os outros partidos de esquerda que o podem apoiar estão em queda: Unidas Podemos passa de 42 para 31 lugares, e a nova formação nascida de uma cisão do Podemos, Más País, terá 5 deputados.

A Esquerda Republicana Catalã (ERC), que deverá eleger 14 deputados (menos um), e que se mostrou favorável a um entendimento parlamentar, encontrará mais dificuldades em repetir a estratégia após a condenação a penas de prisão efetivas aos líderes separatistas, entre os quais Oriol Junqueras, o seu presidente.

Ainda que se juntassem à viabilização do executivo, tal como o fez anteriormente o Partido Regionalista da Cantábria, somar-se-iam 172 deputados, a quatro da maioria absoluta.

Ciudadanos em queda livre

À direita, prepara-se uma derrocada no Ciudadanos. A hesitação (e depois rejeição) do seu líder Albert Rivera em viabilizar no Parlamento a investidura de Pedro Sánchez poderá ser a explicação para a anunciada perda de três quartos da representação parlamentar: de 57 deputados, o Ciudadanos deverá ficar com 14. Quem ganha é o Partido Popular (PP), que passa a ter 91 assentos contra 66 em abril, enquanto o Vox, de extrema-direita, que entrou no parlamento em abril, pode ver o número de deputados quase duplicar para 46 contra os atuais 24.

Ainda assim, as forças da direita não são capazes de alcançar a maioria absoluta juntos. Uma grande coligação PSOE-PP permitiria ultrapassar este limiar de 176 lugares, mas Sánchez excluiu este cenário. Entre as outras forças políticas presentes no Parlamento, os independentistas catalães ganhariam um total de 24 lugares, incluindo dois para o partido de esquerda radical CUP, que está a concorrer pela primeira vez nas eleições nacionais.

Outra sondagem, publicada no sábado pelo El Periódico, distribui os lugares por intervalos, mas a tendência é semelhante. O PSOE elegerá de entre 119 e 123 deputados, o PP 84-87, o Vox 49-53, a Unidas Podemos 37-41, o Ciudadanos 13-17, a ERC 14-15 e, entre os pequenos partidos, destaque para a CUP, que aqui aparece com quatro a cinco deputados eleitos, o dobro ou mais do que na sondagem do El País.

Eleitores sem ilusões

À pergunta do inquérito da GESOP publicado pelo El Periódico "Quem prefere como primeiro-ministro", Pedro Sánchez recolhe 30,8% dos votos, Pablo Iglesias (Unidas Podemos) 13,1% e Pablo Casado (PP) 12,7%. A preferência seguinte, que recolhe 12%, é Outro/nenhum destes, acima dos líderes do Ciudadanos, Vox e Más País.

Já na sondagem da 40dB, realizada para o El País, os inquiridos demonstraram poucas ilusões quando questionados sobre os cenários mais prováveis após as eleições. Para 52,2% resultará do sufrágio do próximo domingo um "governo fraco que poderá conduzir a eleições antecipadas"; 24% dizem que se segue um "bloqueio [parlamentar] e repetição de eleições"; só 11,9% acredita num "acordo sólido com estabilidade de governo".

A Espanha vive uma situação de instabilidade política desde a crise económica e financeira que levou à austeridade decretada pelo governo conservador de Mariano Rajoy. O Partido Popular viu-se ao mesmo tempo minado por escândalos de corrupção. A chegada ao Congresso dos Deputados do Podemos e do Ciudadanos, em 2015, determinou o colapso do sistema bipartidário em 2015 e desde então a dificuldade em formar um governo estável agravou-se. A onda secessionista catalã agitou ainda mais as águas.

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