O chefe da diplomacia norte-americana, Antony Blinken, criticou esta sexta-feira as manobras militares da China em torno de Taiwan, considerando-as "provocações" que representam "uma escalada significativa" nas tensões..Blinken considerou que não havia "pretexto" para Pequim iniciar exercícios no Estreito de Taiwan..Desde quinta-feira, a China tem desenvolvido gigantescas manobras, mobilizando mísseis aéreos, da marinha e balísticos, em seis setores marítimos ao redor de Taiwan, em resposta à visita da presidente da Câmara dos Representantes do Congresso norte-americano, Nancy Pelosi.."Essas provocações representam uma escalada significativa. Pode-se ver como Pequim vem tentando mudar o 'status quo' de Taiwan há algum tempo (...). Agora estão a promover ações perigosas a um novo nível", disse Antony Blinken, a partir de Phnom Penh, onde se reuniu com representantes da Associação de Nações do Sudeste Asiático (ASEAN).."A China optou por exagerar e usar a visita de Pelosi como pretexto. O facto é que a visita foi pacífica. Não há justificação para esta resposta militar extrema e desproporcional e que alimenta a escalada", continuou.."Antecipámos que a China reagiria dessa maneira. Na verdade, descrevemos exatamente esse cenário", acrescentou..Pelosi, por seu lado, classificou hoje como "ridículo" que a sua visita a Taiwan possa prejudicar a ilha e assegurou que o objetivo é manter o 'status quo' internacional.."A nossa delegação não procura alterar o 'status quo' na Ásia ou Taiwan", disse Nancy Pelosi, durante uma conferência de imprensa na embaixada dos EUA na capital japonesa, Tóquio, a última paragem numa digressão asiática que também a levou esta semana a Singapura, Malásia e Coreia do Sul, democracias que procurou "celebrar" com a viagem.."Isso é ridículo", disse Pelosi quando questionada sobre críticas de que a sua visita a Taiwan teria feito mais mal do que bem para o território, ao desencadear maciços exercícios militares chineses em redor da ilha e retaliação económica..A China anunciou entretanto que vai impor sanções não especificadas a Nancy Pelosi, na sequência da sua visita a Taiwan, território que Pequim considera fazer parte do país..Em comunicado divulgado esta terça-feira, o Ministério dos Negócios Estrangeiros da China alega que Nancy Pelosi não teve consideração pelas preocupações da China e pela oposição absoluta à sua visita à ilha, tornando-se a mais alta autoridade norte-americana a visitar a ilha autónoma em 25 anos..O Governo chinês já tinha dito que Taiwan, enquanto território chinês, não pode ter os seus próprios compromissos com governos estrangeiros..O ministério chinês referiu-se ainda à visita de Nancy Pelosi como tendo "sido provocativa" e sublinhou que o evento "minou a soberania e a integridade territorial da China"..Por isso, argumentou o Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, foi decidido impor sanções a Pelosi e à sua família imediata, mas não avançou com medidas concretas..Este tipo de sanções é, geralmente, de natureza simbólica..A China anunciou também ter convocado os diplomatas europeus no país para protestar contra declarações emitidas pelo G7 (Grupo dos 7 países mais industrializados) e pela União Europeia a criticar os exercícios militares chineses ameaçadores perto de Taiwan, o que considera ser "uma interferência devassa nos assuntos internos da China"..A China enviou navios da Marinha e aviões de guerra e lançou mísseis no Estreito de Taiwan em resposta à visita de Nancy Pelosi a Taipei..Cinco dos mísseis disparados pela China caíram na zona económica exclusiva do Japão, atingindo Hateruma, uma ilha ao sul do país, como afirmou o ministro da Defesa japonês, Nobuo Kishi..De acordo com o ministro, o Japão protestou, classificando os disparos como "sérias ameaças à segurança nacional do Japão e à segurança do povo japonês"..Pequim reclama soberania sobre Taiwan e considera o território como uma província separatista, desde que os nacionalistas do Kuomintang se retiraram para a ilha em 1949, depois de perderem a guerra civil contra os comunistas.