Birkenstock junta-se à liga do luxo
Feias mas confortáveis, as sandálias rasas alemãs BIrkenstock acabam de entrar na liga do luxo, esta sexta-feira, com a aquisição da icónica marca por uma empresa do universo LVMH e o multimilionário dono do grupo.
Não foram revelados detalhes sobre esta compra da companhia L Catterton e a família de Bernard Arnault, que detém o fundo financeiro Agache. Os analistas, no entanto, apontam para valores na ordem dos 4 milhões de euros.
Nós próximos 250 anos, precisamos de parceiros que partilhem a mesma visão estratégica e de longo prazo da família ", disseram os irmãos Christian e Alex Birkenstock em comunicado.
Os novos donos da empresa "trazem um entendimento profundo dos detalhes de um negócio que é sobre qualidade e o respeito por marcas com uma longa tradição como a nossa", disseram os irmãos, que vão manter uma participação na Birkenstock.
A mudança de mãos é um marco na vida da empresa, fundada em 1774 para produzir calçado ortopédico. Em 1897, Konrad Birkenstock tinha já construído a primeira sola flexível que se ajustava ao contorno do pé.
A empresa permaneceu nas mãos da família e as sandálias rasas e ganharam notoriedade internacional quando, nos anos 60, chegaram aos EUA. Rapidamente, foram adotadas por hippies que as viam como confortáveis e antimoda com o seu aspeto utilitário.
Uma nova era na Birkenstock aconteceu nos anos 90 quando a supermodelo Kate Moss as usou numa sessão fotográfica. Em pouco tempo, as sandálias de tiras largas tornaram-se o calçado oficial das estrelas de Hollywood no verão.
Várias marcas, de Paco Rabanne a Valentino passando por Celine, fizeram versões personalizadas das Birkenstock, levando-as até às passerelles.
A atriz Frances McDormand palmilhou o palco dos Óscares em fevereiro de 2019 com um par de Birkenstock amarelas - uma maneira de reivindicar que os sapatos não precisam de ser dolorosos para serem glamorosos.
Com hippies e estrelas entre os clientes, a Birkenstock vendeu 23,8 milhões de pares de sapatos no ano que fechou em setembro de 2019, com receitas a crescerem 11% até aos 721,5 milhões de euros.
A pandemia também veio ajudar a dar um empurrão. A empresa registou receitas recorde em 2020 mesmo com a maioria das lojas fechadas por todo o mundo devido às restrições impostas pelos governos para combater o contágio do novo coronavírus.
Fflur Roberts, analista da Euromonitor International, disse que a Birkenstock beneficiou do facto de o trabalho em casa ter empurrado as pessoas para uma forma de vestir mais casual.
A 'casualização' é uma das tendências que se continuará a ver no curto e médio prazo "pelo menos", disse a analista, notando que a indústria da moda "já estava a atravessar um processo de transição onde o 'athleisure' [roupa de desporto e lazer] e uma aborfagem mais descontraída à forma de vestir se torna cada vez mais popular" mesmo antes da pandemia.
A companhia, que emprega 4300 pessoas por todo o mundo, também vai procurar deixar marca no enorme mercado asiático com as novas ligações com o império de luxo de Bernard Arnault. "Teremos excelente acesso ao mercado e contactos na Ásia através dos seus novos donos e pode empurrar o nosso crescimento a um ritmo acelerado", afirmou o CEO da Birkenstock, Oliver Reicher à publicação Handelsblatt.
Esta é a terceira aquisição do grupo LVMH este ano, depois da joalheira norte-americana Tiffany e da produtora de champanhe de Jay-Z, Armand de Brignac.