Biden acusa China de "proteger" autores de ataques informáticos

Presidente dos Estados Unidos diz que, tal "como na Rússia, o governo chinês não comete [ciberataques], mas protege aqueles que os executam e talvez até lhes dê os meios para agir"
Publicado a
Atualizado a

O Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, acusou esta segunda-feira as autoridades chinesas de "proteger" os autores de ataques cibernéticos ou mesmo de lhes "dar meios para agir".

"O que eu entendo é que, como na Rússia, o governo chinês não comete [ciberataques], mas protege aqueles que os executam e talvez até lhes dê os meios para agir", afirmou em discurso na Casa Branca.

Os Estados Unidos, a União Europeia e o Reino Unido acusaram esta segunda-feira a China, em declarações simultâneas, de uma invasão maciça realizada em março contra os serviços de mensagem Exchange do grupo Microsoft.

A gigante da tecnologia já tinha acusado um grupo de hackers ligado a Pequim, chamado "Hafnium".

Assim, a China junta-se à Rússia, regularmente acusada pelos EUA de fechar os olhos às ações dos cibercriminosos russos.

As já difíceis relações entre Washington e Pequim tornaram-se ainda mais tensas desde o início do verão.

Nesse sentido, Washington fez um alerta para empresas que operam em Hong Kong, após a imposição de restrições por Pequim ao histórico centro financeiro.

O Senado dos EUA votou por um embargo aos produtos da província de Xinjiang, para condenar o "trabalho forçado" da minoria muçulmana uigur.

A União Europeia denunciou esta segunda-feira "atividades cibernéticas maliciosas" de grande amplitude levadas a cabo a partir da China, incluindo o ataque ao servidor do Microsoft Exchange, sem acusar as autoridades chinesas da sua autoria.

Em comunicado, o Alto Representante da UE para a Política Externa e de Segurança, Josep Borrell, aponta que a União e os seus Estados-membros, juntamente com outros parceiros, expõem esta segunda-feira "atividades cibernéticas maliciosas que afetaram significativamente a economia, segurança, democracia e a sociedade em geral" e voltam a exortar as autoridades chinesas "a não permitir que o seu território seja utilizado" para os ciberataques.

Também o Conselho do Atlântico Norte, órgão de decisão da NATO, lançou um apelo a todos os países, salientando a China, para que ajam com responsabilidade no ciberespaço.

A Microsoft já tinha acusado 'hackers' apoiados por Pequim de ter tido acesso, ilegalmente, a contas de correio eletrónico - no serviço Exchange Server, da Microsoft - mas, até agora, nem a UE, nem a NATO, nem os EUA tinham responsabilizado diretamente a China, por aguardarem mais informações sobre o ataque cibernético em março, que afetou cerca de 250.000 sistemas de computador em todo o mundo.

A Noruega convocou esta segunda-feira um representante da embaixada da China em Oslo por causa de um ataque informático ao parlamento norueguês, anunciou a ministra dos Negócios Estrangeiros, Ine Eriksen Soreide.

Em conferência de imprensa, a chefe da diplomacia explicou que convocou a embaixada chinesa para sublinhar que "este tipo de ataques é inaceitável".

O Parlamento norueguês revelou que foi uma das vítimas de um ataque informático ocorrido em março a nível global, que atingiu o serviço de mensagens Exchange, do grupo Microsoft, embora não tenha sido revelada a extensão da informação pirateada.

Segundo o Ministério dos Negócios Estrangeiros da Noruega, este ataque "extremamente grave" contra "a mais importante instituição democrática" foi perpetrado pela China.

Artigos Relacionados

No stories found.
Diário de Notícias
www.dn.pt