Depois de Dublin, Bernard-Henri Lévy sobe nesta noite ao palco do Teatro Tivoli, em Lisboa, para apresentar a peça À Procura da Europa, uma hora e meia de um monólogo em que apela ao voto consciente nas eleições europeias para evitar que os políticos populistas obtenham vitórias e faz a história de um continente à deriva..A peça já percorreu parte das capitais europeias e a digressão de Bernard-Henri Lévy terminará em Paris, que disse ao DN em entrevista recente que a capital portuguesa é o palco que mais o atrai devido às memórias que tem da Revolução de Abril e ao modo como vê o relacionamento nacional com a União Europeia..À Procura da Europa está a percorrer vinte cidades europeias desde 5 de março e só termina nas vésperas das eleições europeias, que se realizam no dia 26. Reflete um monólogo íntimo de um intelectual que está fechado num quarto de hotel em Sarajevo. O tema é a Europa e a vaga de nacionalismos e extremismos que atingiram um auge nunca visto desde os anos 1930. Para tal recorre a autores como Dante, Goethe e Václav Havel, que o alertam sobre a hipótese de existir uma saída para o populismo. Outras personalidades "sobem" ao palco, entre elas Espinoza, Lech Walesa e Picasso, num monólogo em que se confronta com os coletes amarelos, as governações de Itália, da Europa Central, entre outras situações polémicas para a democracia..Entusiasmado com a apresentação a realizar nesta noite em Lisboa, o filósofo francês revelou que pretende acrescentar à peça um momento especial com jovens portugueses, estando a fazer um vídeo especial de modo a enquadrar o país e a situação europeia. Bernard-Henri Lévy não nega uma ligação especial com Lisboa, que define como uma cidade heroica: "A imagem que tenho de Lisboa desde há muitos anos é de uma cidade de grandes homens e mulheres que fizeram a única revolução vencedora no século XX." Acrescenta que é "um lugar do mundo de onde o ideal revolucionário se espalhou por todo o lado em que havia ditaduras" e que o "sangue-frio, a sabedoria e a inteligência política extraordinária fizeram cair uma ditadura sem violência e, principalmente, sem se tornarem novos ditadores. Isso não se vê no Ocidente ou no resto do mundo.".A peça À Procura da Europa irá ter uma parte do texto alterada de modo a refletir a situação portuguesa, refere: "Diria que o país é um exemplo que pode inspirar porque os portugueses vivem sob uma identidade europeia com felicidade e não desespero. Os portugueses vivem uma dupla realidade, a de pertencerem a Portugal e à Europa, da nação e ao supranacional, sem estarem em contradição.".É por esta razão que diz: "Portugal tem a parte feliz da Europa", onde "não há populistas nem de extrema-esquerda nem de extrema-direita". Daí que considere que a sessão no Teatro Tivoli seja a única "em que se poderá ouvir um sopro de esperança" e por isso "Portugal é a solução dos problemas com que tenho convivido nas sessões anteriores"..A representação de hoje à noite é para Bernard-Henri Lévy uma continuidade com o que tem defendido ao longo de décadas: "Sou fiel às minhas ideias e a peça retoma as minhas preocupações de sempre e que neste momento da minha vida são muito importantes: quero analisar a Europa." Garante que antes de começar esta digressão não estava certo sobre os resultados das eleições, mas ao longo das várias atuações reencontrou "tantos entusiastas europeus, que estou mais otimista"..Em causa está uma batalha, assegura: "Bati-me pelos bósnios, pelos curdos e agora pelos europeus que querem quebrar o populismo. É sempre pelo mesmo que me bato: os valores de liberdade e da fraternidade." O importante é defender a Europa e, explica, "o meu próximo desafio é fazer que as pessoas votem e deixem os populistas em minoria. Creio que os problemas da França e de outros países tem a sua solução na Europa"..Antes da apresentação de À Procura da Europa, Bernard-Henri Lévy será recebido, separadamente, pelo primeiro-ministro, António Costa, e pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa..À Procura da Europa.Bernard Henri-Lévy Teatro Tivoli, Lisboa Hoje, pelas 21.00