Berardo no Guardian é José, "proprietário crivado de dívidas"
A penhora da coleção de arte de Joe Berardo chegou às páginas do jornal britânico The Guardian, onde o empresário português é José, um "proprietário crivado de dívidas", e merece destaque na sua edição online, esta terça-feira à tarde.
Na notícia da agência France Presse, num despacho a partir de Lisboa, dá-se conta que Portugal apreendeu uma coleção de obras de arte contemporâneas, incluindo pinturas de Joan Miró e Piet Mondrian - a coleção Berardo.
Durante meses, explica o Guardian, "três bancos portugueses tentaram, mas não conseguiram, apoderar-se da coleção de arte do empresário português José Berardo". O empresário madeirense, 75 anos, "ofereceu as obras como garantia de sua dívida, que totaliza quase mil milhões de euros".
Esta coleção de arte moderna que é composta por mais de 900 obras que inclui, além de Miró e Mondrian, outros artistas famosos como Gerhard Richter e Francis Bacon, foi avaliada em 2006 em 316 milhões de euros. Hoje, o seu valor poderá ter duplicado, dado o crescimento do mercado de arte. O Auto-retrato de Bacon, por exemplo, foi vendido por mais de 17 milhões de euros quando foi leiloado no mês passado pela Sotheby's.
Uma grande parte da coleção, descreve a notícia, está em exibição ao público em "museus de Lisboa desde 2006, com um acordo entre o empresário e as galerias, que os colocam fora do alcance dos bancos". E explica-se: "Não está claro se os credores obterão a posse da coleção, que por enquanto permanece sob custódia do Estado, de acordo com a imprensa portuguesa."
Não é a primeira vez que os bens do Berardo são arrestados, avança o jornal, referindo-se ao arresto de parte da sua propriedade na ilha da Madeira, ilha de onde Berardo saiu em 1963 para fazer fortuna na África do Sul.
No final do texto, conta-se que Berardo obteve um empréstimo de um total de 962 milhões de euros do banco estatal Caixa Geral de Depósitos, mas também do BCP e do antigo BES, agora Novo Banco. E que José Berardo adquiriu ações do BCP para se tornar no seu terceiro maior acionista.