Beppe Grillo quer referendo online sobre o euro

Desde que ficou em terceiro lugar nas eleições italianas dos dias 24 e 25 de fevereiro, Beppe Grillo, líder do Movimento 5 Estrelas, humorista, blogger, tem-se desdobrado em entrevistas a meios de comunicação estrangeiros. Numa entrevista ao jornal alemão 'Bild am Sonntag' defendeu a realização de um referendo online sobre a permanência de Itália na Zona Euro.
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"Eu sou um defensor da Europa e sou a favor de um referendo online sobre o euro", disse o ativista italiano que quer acabar com os políticos tradicionais e que nas eleições italianas conseguiu 25,5% dos votos e 108 lugares na câmara dos Deputados e 23,7% dos votos e 54 lugares no Senado.

Na mesma entrevista, Beppe Grillo, de 64 anos, diz não considerar que o principal problema seja a moeda única da UE, o euro, mas sim "a forma como a política europeia é feita, ignorando os interesses dos cidadãos". Os eleitos do Movimento 5 Estrelas, agora a terceira força política em Itália, a seguir ao Partido Democrático (PD) de Pier Luigi Bersani e ao Povo da Liberdade (PdL) de Silvio Berlusconi, visitaram ontem o Parlamento italiano "para se conhecerem".

Itália vive sob um impasse político, uma vez que não tem maioria parlamentar que lhe permita formar um Governo. A coligação de centro-esquerda, liderada por Pier Luigi Bersani, conseguiu a maioria absoluta na Câmara dos Deputados (câmara baixa do Parlamento), mas não no Senado (câmara alta). Grillo, que começou por rejeitar uma coligação quer com o PD quer com o PdL, tem vindo a desfiar as suas exigências na imprensa internacional e no seu blogue.

Noutra entrevista, à revista alemã 'Focus', o líder do Movimento 5 de Estrelas afirmara, anteriormente, o seguinte: "Se o PD de Bersani e o PdL de Berlusconi sugerissem uma mudança imediata na lei eleitoral, o cancelamento do reembolso das despesas eleitorais e um máximo de dois mandatos para alguns deputados, nós apoiaríamos um Governo desse".

"Seria como Napoleão fazer um acordo com Wellington", disse posteriormente ao 'New York Times', sobre a viabilização de um Governo em Itália, recusando as acusações de que está a contribuir para destruir a imagem de Itália e a prejudicar a resolução da crise económica. "Como posso ser acusado de destruir uma coisa que já está destruída?", questionou, acrescentando: "Eles devoraram o país e agora não conseguem governá-lo".

Na entrevista àquele jornal americano, Grillo disse defender "algo novo" para restaurar em Itália a verdadeira democracia participativa. "Podemos mudar tudo pelas mãos do povo, mas a classe política existente tem que ser expulsa imediatamente", acrescentou o humorista.Ontem, no seu blogue, Grillo defendeu a alteração do artigo 67 da Constituição, por este não tornar vinculativo o mandato dos parlamentares, criticando os "vira-casacas" que mudam de lado.

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