Estavam separados por três pontos e acabaram separados por seis! O que significa que o Benfica foi hoje ao Estádio do Dragão vencer o campeão FC Porto (1-0). O clássico da jornada 10 da I Liga foi decidido com um golo de Rafa, que deixa os encarnados mais líderes do campeonato. Roger Schmidt estreou-se assim a ganhar num clássico e num campo historicamente difícil para as águias na última década, prolongando a série invicta da época para os 19 encontros..Quando um clássico começa com uma queixa crime no Ministério Público contra um agente desportivo por ameaças à família do árbitro do jogo (João Pinheiro), algo de podre continua a corroer o futebol português por dentro. E, assim, o que devia ser regra acaba por ser notícia pela exceção, como o clima de respeito mútuo protagonizada pelo alemão que treina o Benfica e o fã da Bundesliga que orienta o FC Porto, antes do apito inicial..Empolgada com o grande ambiente vindo das bancadas do lotado Estádio do Dragão, a equipa portista entrou pressionante no clássico, guiada por essa seta de nome Galeno, que chegou a estar em dúvida, mas acabou por ser a surpresa no onze. Sérgio Conceição voltou ao esquema habitual (4x4x2) e ao onze esperado depois da rotação na Taça de Portugal, com Otávio, Fábio Cardoso e David Carmo e ainda Pepê, como defesa direito. Já Roger Schmidt apostou na fórmula PSG - com Fredrik Aursnes, na ala esquerda, e a jogar em 4x2x3x1 - e descansou David Neres para o embate com a Juventus (terça-feira, na Luz, que pode dar o apuramento para os oitavos de final da Liga dos Campeões)..Ao minuto 9 os adeptos homenagearam Fernando Gomes - internado no hospital - e, aos 15", Taremi (camisola 9 atual) tentou a homenagem personalizada, mas viu Vlachodimos voar para impedir o golo do FC Porto. Um lance que quase materializava a superioridade da pressão (muito) alta dos portistas e das constantes aproximações à baliza do guardião grego..Mas clássico que é clássico é quentinho e seguiram-se largos minutos de pára-arranca que só serviram para contabilizar o tempo útil de jogo (ou a falta dele) e engordar a estatística disciplinar (oito cartões amarelos e um vermelho nos primeiros 45 minutos, num total 14 amarelos (incluindo a dois dirigentes) e um cartão vermelho)..Os dragões começaram a sentir dificuldades a sair a jogar e sem bola não era a mesma coisa. E antes da meia hora a estratégia portista sofreu um forte revés com a expulsão de Eustáquio. Nada a dizer sobre os dois amarelos num curto espaço de tempo: Eustáquio vê o cartão vermelho por acumulação de amarelos por duas entradas fora de tempo. Foi a expulsão mais rápida de sempre de um jogador do FC Porto num clássico entre dragões e águias, no Estádio do Dragão..A jogar com mais um, o Benfica testou os ferros da baliza de Diogo Costa. Fredrik Aursnes rematou ao poste e na recarga Rafa acertou na barra. Se fosse flippers... assim deu apenas para perceber que Roger Schmidt sabe pelo menos uma palavra em bom português vernáculo..Twittertwitter1583573383966359552.Com o 0-0 a persistir até ao intervalo, a segunda parte do clássico ganhava ainda mais interesse. E Schmidt inovou ao fazer três alterações ao intervalo, substituindo os amarelados João Mário, Enzo e Bah, por Draxler, David Neres e Gilberto. O que significou o recuo de Aursnes para formar dupla com Florentino no meio campo..Sérgio Conceição não mexeu. Pediu para a equipa subir as linhas e sair a pressionar, mas, com menos um, a tendência era para recuar, o que permitia ao Benfica circular a bola sem precipitações para chegar à baliza. O desgaste provocado em Evanilson e Taremi - obrigados a tarefas defensivas - fazia adivinhar que um deles seria sacrificado mais cedo ou mais tarde. E assim foi. Evanilson deu lugar a Verón e o FC Porto cresceu no jogo gerando intranquilidade na defesa encarnada. Vlachodimos teve de se aplicar para impedir um autogolo de Gilberto, depois de um atraso venenoso de António Silva..Mas Neres trouxe a vantagem do um para um ao Benfica, que chegou ao golo aos 72 minutos. O golo de Rafa chegou a ser invalidado pelo árbitro, mas acabou validado pelo VAR..Sérgio Conceição respondeu com uma dupla substituição, à procura do prémio que seria o empate e um ponto ganho em vez de três perdidos para o maior rival e líder do campeonato. Impulsionada por dois lances vistosos de Otávio, a equipa portista recebia ainda oxigénio motivacional desde as bancadas e submeteu os encarnados a uns infernais minutos finais para segurarem a vitória no Estádio do Dragão, algo que já não acontecia há cinco jogos e três anos..O triunfo podia ter sido mais expressivo não fosse o gigante Diogo Costa ter impedido o autogolo de David Carmo. Para a história fica a 18.ª vitória do Benfica em casa do FC Porto (em 117 jogos)!.isaura.almeida@dn.pt