Relâmpagos sul-americanos no regresso às vitórias do Benfica
Vale pelo resultado, mas ainda é um Benfica de duas caras o que esta segunda-feira voltou às vitórias no campeonato. O triunfo sobre o Famalicão (2-0) no Estádio da Luz dá para respirar melhor, mas não afasta o cenário de crise. Aos seis minutos de jogo o resultado estava feito. Depois foi gerir até ao fim e resistir a algumas investidas do adversário, que se superiorizou no segundo tempo.
Com apenas um triunfo nos últimos seis jogos e 11 pontos de atraso para o líder Sporting antes do jogo, era imperativo que a águia vencesse para não dizer adeus ao título e colocar Jesus numa posição ainda mais fragilizado. Um comunicado da direção do Benfica a uma hora do jogo a reiterar a confiança nos jogadores e na equipa técnica de Jorge Jesus - regressou ao banco após recuperar de covid-19 e contra indicações médicas - não deixa de ser estranho. Mas foi isso que aconteceu. E se era para ter um feito tranquilizador e revelador da entrega do treinador e dos jogadores poucos o terão entendido assim.
Em campo a equipa não podia ter tido melhor resposta. Dois golos em três minutos (Darwin aos 3' e Otamendi aos 6') deixaram os encarnados embalados e o Famalicão abananado.
Com Everton na ala direita e Cervi na ala esquerda e Taarabt a acompanhar Weigl no meio campo a pressão alta do Benfica funcionou. Depois de um arranque extremamente eficaz da águia, o Famalicão de Silas - mudou cinco peças no onze -, tentou reagir, mas a tarefa não se adivinhava nada fácil. A velocidade das transições ofensivas da equipa da Luz obrigavam o adversário a jogar atrás. Só aos 26 minutos Gil Dias se libertou das amarras e levou perigo à baliza encarnada. Vlachodimos estremeceu ao ver a bola bater no poste.
Era um aviso. Silas não queria dar o jogo por perdido aos 30 minutos e mudou a forma de jogar, apostando na variação dos flancos. Mas só por culpa própria a equipa da Luz não aumentou a vantagem antes do intervalo. Os remates disparatados de Darwin, Seferovic e até Weigl faziam Jesus esbracejar no banco...
Os encarnados voltaram dos balneários com a mesma determinação da primeira parte embora sem a mesma eficácia. Depois de ter entrado sem jogadores portugueses no onze inicial, Jesus deu oportunidade a Pizzi aos 62 minutos (entrou para o lugar de Cervi). Há seis anos que as águias não alinhavam sem portugueses de início.
Apesar do jogo controlado a equipa da Luz permitiu alguns sustos à equipa de Silas. Aos 59 minutos Diogo Queirós obrigou Vlachodimos a grande defesa, mas o lance foi anulado por for a de jogo. Logo depois foi a vez de Gil Dias testar a atenção do guarda-redes das águias. O esquerdino do Famalicão ainda teve mais uma grande oportunidade para marcar, mas o remate saiu a centímetro do poste da baliza.
As oportunidades para o Famalicão iam-se sucedendo. A 15 minutos do fim do jogo os famalicences tinha seis oportunidades (um na segunda parte) contra dez do Benfica (nove na primeira parte).
Os últimos minutos foram muito mexidos. Um falhanço incrível de Darwin - Seferovic ia isolado, mas deu para o lado, para o uruguaio, que meteu mal o pé na bola e falhou o 3-0 - e uma oportunidade perdida de Everton tiveram resposta do Famalicão. Valeu Vlachodimos, que segurou o resultado com uma grande defesa a impedir o golo de Lukovic.
Silas soma assim duas derrotas em dois jogos desde que assumiu o comando do Famalicão, enquanto o Benfica recuperou dois pontos para Sp. Braga e FC Porto (empataram no domingo, 2-2) esta jornada 18. A distância para o Sporting se verá na terça-feira quando os leões jogarem com o Gil Vicente. Para já são oito pontos de desvantagem para o líder e mais um jogo.