O Benfica vai começar nesta quinta-feira, dia 7, a tentar provar em tribunal que foi prejudicado pela divulgação dos e-mails através do Porto Canal e acusa o FC Porto de ser responsável. Considerando que houve violação das regras de concorrência, o clube de Lisboa exige uma indemnização de 17,5 milhões de euros por danos causados e nesta quinta-feira, no Juízo Central Cível do Porto, irá iniciar a apresentação de fundamentos para a sua ação. O FC Porto respondeu com um pedido de indemnização de valor indefinido, pelas práticas desleais praticadas pelo clube de Lisboa, que dizem os dragões estarem patentes no correio eletrónico divulgado..Os réus deste processo são FC Porto, clube e SAD, a FC Porto Media, a Avenida dos Aliados, SA (proprietária do Porto Canal), o diretor de comunicação Francisco J. Marques e os administradores Jorge Nuno Pinto da Costa, Fernando Gomes e Adelino Caldeira. O Benfica e a Benfica SAD são os autores da ação..O processo chega agora a julgamento depois de na audiência prévia os clubes não terem chegado a um entendimento. Perante isso, o juiz selecionou a matéria de facto para ser discutida em julgamento e agendou já três sessões: dias 7, 8 e 29 de março. Nas duas primeiras sessões devem falar testemunhas indicadas pelo Benfica, enquanto na terceira devem ser ouvidas pelo tribunal as testemunhas do FC Porto. O DN contactou, sem sucesso, os advogados das duas partes. O Benfica está representado por Armando Martins Ferreira e Jorge Malheiro, do escritório Abreu & Associados, enquanto o FC Porto é defendido por Jorge Cernadas, sócio de escritório de Gil Moreira dos Santos..A elevada indemnização exigida pelo Benfica é justificada com os danos de imagem e reputação que o clube sofreu com a divulgação dos e-mails, entre o que se inclui o efeito sobre os interesses comerciais e as suas ações na bolsa. O FC Porto é acusado de concorrência desleal ao violar a correspondência interna do Benfica, além de depois a usar de forma indevida, ao divulgá-la..O clube do Porto discorda e argumenta que se limitou, no âmbito da liberdade de expressão, a divulgar informações que considera relevantes e de interesse público. Nesta linha, o FC Porto avançou de igual forma com o pedido de uma indemnização ao Benfica, de valor indefinido, por considerar que o clube da capital usa, como os e-mails demonstram no entender do Porto, práticas desleais que levam à deturpação da verdade desportiva..Este processo já teve antecedentes na justiça com a providência cautelar apresentada pelo Benfica para impedir o Porto Canal de continuar a revelare-mails a ser aceite pelo Tribunal da Relação do Porto, depois de ter sido indeferida em primeira instância. Para este julgamento, o Benfica pediu que o mesmo decorresse à porta fechada, o que terá sido indeferido pelo juiz..Prosseguem os inquéritos criminais.Se este processo corre a um nível cível, no âmbito criminal há vários em curso. Os inquéritos aos e-mails, aos vouchers do Benfica e Mala Ciao foram concentrados num único processo que ainda continua em investigação. No caso dos e-mails, que envolve suspeitas sobre pressões e influência alegadamente exercidas pelo Benfica sobre responsáveis da arbitragem e outras estruturas do futebol para servir as suas pretensões desportivas, o clube da Luz também fez uma queixa-crime do FC Porto, o que já levou à constituição como arguidos dos administradores e de Francisco J. Marques..Fonte do clube adiantou que há mais de uma queixa-crime e que os inquéritos correm em Lisboa e Porto. No processo dos vouchers, investiga-se alegadas ofertas do Benfica a árbitros, observadores e delegados, enquanto o Mala Ciao refere-se a alegados pagamentos pelo Benfica a jogadores de equipas da Primeira Liga como forma de influenciar resultados..Num outro processo, o e-Toupeira, a SAD benfiquista foi acusada pelo Ministério Público mas acabou por ser ilibada com a decisão instrutória pela juíza Ana Peres. O MP recorreu desta decisão e pediu de novo a pronúncia do Benfica mas este recurso ainda está por decidir. Paulo Gonçalves, ex-assessor jurídico do clube, e o funcionário judicial José Silva vão ser julgados.