0,5% em vez de 0,25%. Taxa de juro do BCE sobe o dobro do previsto
A taxa de juro principal do Banco Central Europeu (BCE), a chamada taxa de refinanciamento, que estava em 0% desde 2011, vai subir para 0,5% e não para 0,25%, como tinha sido várias vezes referido pelos banqueiros centrais da zona euro nas últimas semanas, anunciou esta quinta-feira o BCE.
A taxa de depósito, que era negativa e estava nos -0,5%, passa a ser 0%, o que significa que os bancos comerciais deixam de pagar para ter dinheiro parqueado no BCE.
Com a inflação da zona euro a cavalgar (passou de 8,1% em maio para 8,6% em junho), o BCE diz que está a tomar medidas mais musculares para tentar deter a forte subida dos preços.
"A taxa de juro aplicável às operações principais de refinanciamento e as taxas de juro aplicáveis à facilidade permanente de cedência de liquidez e à facilidade permanente de depósito serão aumentadas para 0,5%, 0,75% e 0,0%, respetivamente, com efeitos a partir de 27 de julho de 2022", diz a instituição sediada em Frankfurt.
A par da subida mais forte dos juros, o BCE diz que aprovou um escudo protetor especial para os países e sistemas bancários mais expostos à dívida, como Itália, Portugal, Grécia ou Espanha.
Em todo o caso, o BCE explica que o novo escudo assumirá a forma de um novo programa de compras de dívida e ativos.
"O IPT será uma adição ao conjunto de instrumentos do conselho do BCE e pode ser ativado a fim de contrariar dinâmicas de mercado desordenadas, injustificadas e passíveis de representar uma ameaça grave para a transmissão da política monetária na área do euro."
"O volume das aquisições de ativos ao abrigo do IPT depende da gravidade dos riscos para a transmissão da política monetária. As aquisições não estão sujeitas a restrições prévias", explica o BCE. Portanto, aparentemente não vem com condições prévias, como disseram alguns meios de comunicação. Os detalhes do seu funcionamento serão divulgados ainda esta tarde.
"O Conselho do BCE decidiu proceder a um aumento de 50 pontos base [0,5 pontos percentuais] das três taxas de juro diretoras do BCE e aprovou o Instrumento de Proteção da Transmissão (IPT)", diz uma nota oficial.
Frankfurt "considerou apropriado dar um primeiro passo maior, na trajetória de normalização das taxas de juro diretoras, do que o sinalizado na reunião anterior".
"Esta decisão assenta na avaliação atualizada relativamente aos riscos de inflação e no apoio reforçado proporcionado pelo IPT para a transmissão eficaz da política monetária". O BCE refere ainda que é de esperar novas subidas de taxas de juro, daqui em diante, como aliás estão a fazer outros bancos centrais, como a Reserva Federal dos Estados Unidos.
"Nas próximas reuniões do BCE, será apropriada uma nova normalização das taxas de juro". A próxima é em setembro. Falava-se numa subida de mais 0,5 pontos percentuais, mas tendo em conta o ambiente inflacionista exacerbado, se calhar vai ser muito mais.
Recorde-se que na reunião de taxas de junho, há pouco mais de um mês, Christine Lagarde, a presidente do BCE, tinha anunciado o fim de todos os programas de compras de ativos e o início da subida efetiva de taxas de juro.
"As compras líquidas de ativos dos nossos vários programas chegarão ao fim" e "em julho [dia 21] tencionamos aumentar as nossas taxas de referência pela primeira vez em 11 anos".
Depois disso, Lagarde já avisara também que "continuaremos esta via de normalização - e iremos até onde for necessário para assegurar que a inflação estabiliza no nosso objetivo de 2% a médio prazo".
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