Barraca com reposições para sobreviver a situação péssima

No teatro A Barraca "a situação é péssima", diz Hélder Costa, um dos responsáveis pelo grupo que não põe de parte a hipótese de suspender totalmente a sua atividade. "Temos uma grande capacidade de resistência mas, sinceramente, começa a ser difícil."
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Os representantes da Barraca foram ontem recebidos na Comissão de Educação, Ciência e Cultura da Assembleia da República, para apresentarem a petição pública "A Barraca não pode ser extinta". Hélder Costa e Maria do Céu Guerra manifestaram a sua incompreensão pelo facto de o grupo ter sido classificado em 31º lugar entre as 54 estruturas apoiadas pela Direção Geral das Artes, o que significou uma redução substancial no apoio.

"Nós fazemos sistematicamente dramaturgia nacional, temos relações com os séniores e as crianças, fazemos itinerância nacional e internacional, nestes aspectos somos intocáveis", explica Hélder Costa, que se queixa de um "massacre sistemático ao grupo" que tem visto diminuídos os apoios públicos.

Na comissão, "todos os representantes dos grupos parlamentares foram unânimes em admitir a injustiça" da DG-Artes, conta o dramaturgo e encenador. Perante os elogios e o reconhecimento da especificidade do percurso da Barraca, espera-se "que os deputados solicitem à Secretaria de Estado da Cultura a correção das falsidades que foram ditas", acrescenta Hélder Costa que, no entanto, não tem muita esperança que isso aconteça.

Para ja, vivem-se dias complicados no Teatro Cinearte, em Santos, Lisboa. "Fomos obrigados a suspender parte do elenco, o que para nós é gravíssimo. Nunca o tínhamos feito. Isto não é uma companhia, é uma cooperativa, um grupo onde todos participam", explica Hélder Costa, que foi um dos fundadores do grupo em 1975.

Além disso, o grupo teve que suspender grande parte da sua programação e, em vez de, como desejado, começar o ano com uma nova criação, 'Tartufo', de Molière, vai limitar-se, para já, a ter reposições - 'O Menino da Avó', 'Encontros Imaginários', 'Felizmente Há Luar' e, em breve, também, 'Fernando, mentes?'.

"É impossível pensar numa nova produção. Temos muita imaginação mas a criatividade tem limites", conclui Héder Costa.

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