Ayuso: "Feijóo é o candidato para estes momentos. Traz a paz necessária ao PP"
Semanas depois da grave crise aberta no Partido Popular, principal força da oposição em Espanha, as águas voltam ao seu curso, pelo menos no que à unidade se refere. "[Alberto Núñez] Feijóo é o candidato idóneo para estes momentos. Traz a paz necessária para o partido", afirmou ontem Isabel Díaz Ayuso, presidente da Comunidade de Madrid, num encontro com correspondentes estrangeiros. O futuro líder dos populares, o até agora presidente da Xunta da Galiza, tem o apoio dos barões do partido, entre eles Ayuso.
"Vivemos um momento traumático, nunca antes visto. Sempre formos um partido organizado. Agora estamos a coser as feridas e vamos sair muito reforçados", confessa a dirigente popular. Feijóo conseguiu quatro maiorias absolutas na Galiza, "já provou tudo e foi corajoso ao dar este passo", sublinha. Já Ayuso não avançou porque diz estar comprometida com a Comunidade de Madrid. Está no cargo "só há dois anos e meio e esperamos momentos muito difíceis. Não posso criar uma crise em Madrid para resolver uma crise do partido. Sou fiel à minha casa, mas Madrid está acima agora", acrescenta.
A presidente da região madrilena lembra que o mal-estar dentro do PP já existia há tempos e em distintos espaços. A polémica surgida com um possível caso de corrupção do seu irmão, que levou à queda de Pablo Casado - o líder afastado pelo partido -, "é o final de uma etapa de grande descontentamento. Precipitou tudo", sublinha. Em relação à empresa do irmão (que conseguiu trazer máscaras para Madrid no início da pandemia) Ayuso está tranquila porque "não o favoreci". Lembra que nunca esteve envolvida nos negócios da sua família e que o irmão é fornecedor de material sanitário há 26 anos. O assunto está agora em mãos da Procuradoria.
Para Ayuso, o futuro do PP passa por "ser mais PP e recuperar os votos que foram para o Ciudadanos e o Vox. Começou uma nova etapa, temos que estar unidos e devemos ser uma alternativa de governo ao desastre que a Espanha está a viver" - a coligação PSOE-Unidas Podemos. Sobre o papel do VOX na política espanhola, pensa que são os espanhóis quem decide - "em Madrid é um papel mais externo, às vezes apoiam e outras não e em Castela e Leão é um papel mais ativo", dentro do governo do PP.
Isabel Díaz Ayuso (Madrid, 1978) sublinha o papel da região como motor económico do país e mostra-se orgulhosa da gestão feita durante a pandemia. "Fomos contra a corrente, sabíamos que ia durar dois anos e por isso defendemos uma política a longo prazo. Fechar é fácil, mas abrir pode ser impossível", indica a presidente, em relação aos negócios da região que conseguiu salvar durante a pandemia. Já perto de recuperar a normalidade Madrid enfrenta, como o resto do mundo, as consequências da guerra na Ucrânia. Em relação aos refugiados, o governo regional está a preparar escolas, hospitais e centros para os receber. "Não temos um número dos que podem vir", confessa, à espera de que o governo de Pedro Sánchez facilite mais informação a esse respeito. "Já retivemos 500 mil euros e disponibilizámos outros 100 mil para camiões que estão a levar toda a ajuda que estão a dar os madrilenos".
Na Comunidade de Madrid consideram que a guerra vai trazer uma despesa extra para a região de 1400 milhões de euros. Por isso Ayuso mostra-se partidária de priorizar os fundos europeus. "Pensamos na agenda 2030, mas não estamos a pensar nos cidadãos de 2022", lamenta. Espera que a UE seja flexível e os fundos se possam canalizar para ajudar às necessidades das pessoas.
Segundo apurou o DN junto a equipa da presidente da Comunidade de Madrid, está a ser preparada uma viagem a Lisboa para previsivelmente o próximo mês. Na deslocação Ayuso espera manter encontros políticos e económicos.
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