Atleta português perseguido e algemado em Londres acusa a polícia de racismo
O português Ricardo dos Santos, atleta do Benfica, e a mulher, Bianca Williams, foram mandados parar pela polícia em Londres e acusam a polícia de racismo. Segundo a velocista britânica, que gravou o momento e o publicou nas redes sociais, é a 15.ª vez que o casal é mandado parar pelas autoridades desde que adquiriram um carro de uma marca de luxo, em novembro de 2017 e por isso irá apresentar uma queixa formal.
"É sempre a mesma coisa com o Ricardo. Eles [polícia] pensam que está a conduzir um carro roubado ou que esteve a fumar canabis. É comportamento racista. A maneira como eles falaram com o Ricardo, como se ele fosse lixo, foi chocante. Foi horrível de ver", disse Bianca Williams, explicando a The Times que a polícia demorou 45 minutos a fazer buscas ao carro.
O incidente ocorreu no sábado à hora de almoço, no bairro residencial de Maida Vale, em Londres e ganhou contornos nacionais quando foi denunciado pelo antigo campeão Olímpico Linford Christie, que treina Ricardo dos Santos e Bianca Williams para os Jogos Olímpicos de Tóquio2021.
Pelas imagens dá para perceber o momento em que os atletas são abordados, com os polícias a rodear o carro armados com bastões e um martelo para partir a janela e a puxar os dois com violência para fora do carro e a decretar ordem de prisão. Segundo a imprensa britânica Ricardo e Bianca foram algemados e detidos durante 45 minutos antes de serem libertados. Isto enquanto o filho recém nascido se encontrava no carro. "Estou com o meu coração despedaçado. É estranho que a gente tenha sido tratada desta forma e o que me dói mais foi terem-me arrastado e afastado do meu filho. Nunca passei por uma experiência destas", confessou Williams.
Segundo a BBC, a polícia alega que o recordista nacional dos 400 metros, não obedeceu à ordem para encostar a viatura, depois de ter sido apanhado a conduzir no lado errado da estrada e em excesso de velocidade, o que ele nega. "Mentiram. Se fosse verdade teriam passado a multa e não o fizeram", explicou o atleta à BTV.
"Parámos quando nos sentimos seguros para o fazer, estávamos no meio da estrada e vinham carros no sentido contrário. Não demorei mais de 20 segundos a parar", explicou Ricardo dos Santos, que se viu perseguido pela polícia nas ruas de Londres, antes de ser mandado parar. Quando parou e foi puxado para fora do carro, o português diz que foi acusado de cheirar a canabis. "Quando chegaram perto de mim, estavam prontos para bater. Tiraram o bastão, tiraram-me o telemóvel e atiraram-me contra a parede. Gritei que tinha dores e eles disseram que eu cheirava a canábis", contou o atleta, revelando que garantiu estar limpo de drogas, se ofereceu para fazer o teste e se identificou como atleta profissional.
O caso está a ter grande repercussão em Inglaterra e obrigou as autoridades a explicar o incidente, embora sem reconhecer qualquer comportamento incorreto aos agente: "Oficiais da direção reviram as imagens das redes sociais e dos próprios polícias e estão satisfeitos por não haver preocupação com a conduta dos policiais."