Até que ninguém tenha uma arma, todos devem andar armados, diz líder dos Eagles of Death Metal

Banda toca hoje em Paris, no primeiro concerto depois do atentado no Bataclan. Vocalista opõe-se ao controlo do porte de arma
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Jesse Hughes, o vocalista e guitarrista dos Eagles of Death Metal, a banda norte-americana que tocava no Bataclan quando terroristas islâmicos irromperam disparando pela sala - só no local, morreram 90 pessoas - defende que "até que ninguém tenha uma arma, todos devem estar armados".

Na véspera do primeiro concerto da banda em Paris depois dos atentados de 13 de novembro, o líder dos Eagles of Deaht Metal - conhecido pela defesa do porte de arma - deu uma entrevista à televisão francesa, pedindo a todos os que estavam na sala de espetáculos na noite dos atentados que se juntem a eles neste regresso simbólico. O concerto realiza-se no Olympia esta terça-feira, 16 de fevereiro.

Hughes, de 43 anos, diz não ter dúvidas de que o Bataclan foi alvo do ataque 'jihadista' porque os proprietários são judeus, mas não quis "reduzir" o atentado a um ato de anti-semitismo. "A minha educação diz-me que um ataque contra uma pessoa é um ataque contra todo o mundo". Num tom comovido, o músico lutou contra as lágrimas ao longo de toda a conversa com a jornalista da iTélé.

Questionado sobre se o ataque mudara a sua posição quanto ao controlo de armas de fogo, respondeu: "O vosso controlo de armas francês impediu alguma pessoa de morrer no Bataclan? E se alguém responder que sim, gostava de o ouvir, porque não concordo. A única coisa que impediu alguém de morrer foram as pessoas corajosas que se lançaram sobre os terroristas", referiu. "A única coisa que mudou na minha forma de pensar foi, talvez, que até que ninguém tenha uma arma, todos devem estar armados", frisou. "Vi morrer pessoas que podiam ter vivido".

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O espetáculo dos Eagles of Death Metal no Olympia, previsto para esta noite, terá segurança reforçada: agentes da polícia e exército deverão supervisionar todas as entradas e psicólogos estarão no local para apoiarem os fãs afetados pelo atentado de 13 de novembro, reivindicado pelo Estado Islâmico. Os sobreviventes do massacre do Bataclan receberam convites gratuitos para o concerto.

A banda norte-americana já regressara a Paris para atuar com os U2, retomando agora a digressão interrompida pelos atentados. A digressão passará pelo Coliseu de Lisboa a 5 de março - o concerto em Portugal esteve inicialmente agendado para 10 de dezembro, tendo sido cancelado na sequência dos ataques em Paris.

No dia 13 de novembro de 2015, o grupo atuava no Bataclan perante uma plateia de cerca de 1500 pessoas quando um comando de jihadistas entrou na sala de espetáculos e abriu fogo indiscriminadamente, matando 90 pessoas, entre as quais o agente comercial da banda, Nick Alexander, e três membros da produtora.

Durante a entrevista na iTélé, Jesse Hughes, católico fervoroso, elogiou ainda a "tenacidade" dos franceses. "Disseram-me há alguns dias que éramos muito corajosos por regressar a Paris. Respondi que o que era corajoso era continuar a apanhar o metro, a andar na rua, a ir a um concerto". E sublinhou: "temos de terminar este concerto por nós, por todos aqueles que estavam no Bataclan".

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