"Asperger? É um presente." Conheça Greta, a adolescente que quer salvar o planeta
Tudo começou em frente ao Parlamento sueco. Todas as sextas-feiras, Greta Thunberg estava ali a protestar contra as alterações climáticas. O objetivo desta sueca de 16 anos é conseguir que o seu país respeite o acordo de Paris sobre o clima. Para isso promoveu uma greve semanal na sua escola - com início em agosto -, com os alunos a reunir-se todas as sextas-feiras para salvar o planeta.
A jovem de tranças rapidamente acabou por chamar a atenção dos media, tornando-se uma espécie de ícone da luta contra as alterações climáticas. De tal forma que foi convidada para falar no Fórum de Davos, na Suíça, e na COP24, a cimeira sobre o ambiente que decorreu na Polónia. E espantou todos com a sua franqueza, denunciando "o futuro roubado às próximas gerações" e apelando aos governos e aos políticos para agirem antes que seja tarde.
"Os adultos continuam a dizer que temos de dar esperança aos jovens. Eu não quero a vossa esperança. Quero que entrem em pânico", lançou aos líderes reunidos em Davos.
Diagnosticada há uns com uma forma de síndromede Asperger, Greta Thunberg só fala mesmo quando é necessário. O seu comportamento obsessivo-compulsivo reflete-se num mutismo seletivo. Mas agora arranjou um bom motivo para falar.
Convidada desta semana do Almoço com... do jornal britânico Financial Times, Thunberg recebeu a jornalista enquanto fazia a sua greve semanal às aulas. "Hoje até está calor", brincou diante dos cinco graus que marcavam os termómetros.
Num dia normal é Svante, o pai de Greta, quem lhe leva o almoço ao protesto. Os pais da sueca não têm escapado à controvérsia, com alguns media a acusá-los de ter lançado a filha para a ribalta. "Ao início, obviamente estávamos muito relutantes com esta ideia da greve", explicou Svante ao FT. Mas o facto de a filha ser a melhor da turma e compensar sempre as aulas a que falta acabaram por o convencer.
A preocupação com o ambiente surgiu quando tinha 11 anos e sofreu de uma grave depressão. Centrar-se na luta contra as alterações climáticas deu-lhe uma razão para recuperar. Por isso a família comprou um carro elétrico, deixou de andar de avião - mesmo pondo fim, com isso, à carreira internacional da mãe, cantora de ópera - e tornou-se vegetariana.
A ideia das greves surgiu em 2018, quando ganhou um concurso com um ensaio sobre o ambiente publicado num jornal sueco. Contactada por ambientalistas, acabou por decidir envolver os colegas de escola no seu esforço.
E quanto à síndrome de Asperger, do qual se orgulha na sua conta de Twitter e que classificou como "um presente", Greta explicou ao FT que "se eu fosse como toda a gente, podia continuar a agir como toda a gente. Mas como sou diferente, vejo o mundo de uma perspetiva diferente. Muito a preto e branco".
Para o futuro, a sueca já tem projetos. Em 2020 está a pensar tirar um ano sabático e concentrar-se na luta pelo ambiente. E admite: "Os últimos meses foram cansativos. Não gosto de ser o centro das atenções. Toda a vida fui a miúda invisível que fica atrás e ninguém vê nem ouve."