As más ondas gravitacionais de Portugal
O homem do dedo em riste voltou a atacar. "Estamos atentos aos mercados financeiros e acho que Portugal não pode continuar a perturbar os mercados", disse ontem Wolfgang Schäuble. Se o problema era o nervosismo dos mercados, o ministro alemão deve ter acalmado, deve. Ontem, o italiano La Repubblica: "Profundo Vermelho na Bolsa"; o espanhol El Mundo: "Os Mercados Duvidam da Solvência do Deutsche Bank"; o francês Le Monde: "Ações da Societé Général Mergulham"... Meu Deus, Costa, põe mão no Centeno, que a Europa não aguenta! O papel de Portugal nas finanças mundiais é tremendo. Portugal não é a minhoquice de Espanha (onde as perdas do IBEX, este ano, são só cem mil milhões de euros...), não, nós somos capazes de ondas gravitacionais negativas como só Schäuble e Einstein são capazes de prever, a cem anos ou já para a próxima crise. A Espanha só merece um raspanete: "O Eurogrupo descarta dar a Espanha a flexibilidade no défice que pede Rajoy" (ontem, El País). Ela é minorca economicamente e tem solidez política (tirando, claro, não ter governo e, a tê-lo, será com o Podemos, solução que pode estilhaçar o país, mas só na Catalunha...). Essa não assusta Schäuble. O problema, mesmo, é Portugal. Não chega o Centeno não pedir flexibilidade, prometer cumprir o défice e dizer ao Eurogrupo que tem medidas para o caso de "vir a ser necessário"... Tudo isto é estranho. Mas Schäuble ter tantos fãs em Portugal ainda é mais.