O vice-presidente do PSD Morais Sarmento defendeu este domingo que os socialistas estão a afirmar "um caminho que Mário Soares sempre recusou", de "viragem à esquerda", e que seria melhor um PS "sem dependências, coligações ou prisões"..Nuno Morais Sarmento reagia assim ao final do XXII Congresso do PS, na Batalha, distrito de Leiria.."Era melhor que o PS, que prestou homenagem ao seu fundador Mário Soares, mas que neste Congresso afirma um caminho que Mário Soares sempre recusou, era mais importante, porventura, que reafirmasse o seu próprio caminho, como nos habituámos a ver: sem dependências, coligações ou prisões a quaisquer outros partidos", afirmou..O dirigente social-democrata acrescentou: "Pelo menos, é assim que sempre nos recordámos do PS, é assim que continuamos a fazer o nosso caminho e que esperamos que o PS também seja capaz de fazer"..Bloco de Esquerda disponível para convergir com o PS.A dirigente do Bloco de Esquerda Marisa Matias disse que o partido está sempre disponível para convergir com o PS, mas avisou que é uma "equação impossível" tratar melhor os portugueses quando se responde "obsessivamente" às metas de Bruxelas.."Estamos sempre disponíveis para convergir com o PS naquilo que melhorar a vida dos portugueses, mas obviamente precisamos de investimento e, para termos investimento, para podermos incrementar essas medidas, precisamos de enfrentar muito diretamente aquilo que são as normas e as regras que são impostas por Bruxelas que não nos deixam investir e não nos deixam melhorar a condição de vida das pessoas", afirmou Marisa Matias..Marisa Matias assinalou que no congresso e no discurso final de António Costa "é verdade que muitas daquelas que foram conquistas recentes na sociedade portuguesa e que resultaram dos acordos com os partidos à esquerda foram capitalizadas pelo PS como se fossem medidas do PS"..A este propósito exemplificou com o aumento das pensões, que "não constava do programa do PS" e "foi graças a esses acordos que se conseguiram essas conquistas"..A dirigente bloquista adiantou que o partido viu "neste congresso e um discurso muito autocentrado, com o acolhimento de muitas conquistas que não são necessariamente integradas no programa eleitoral inicial do PS", acrescentando que "gostaria de ter ouvido coisas mais concretas".."Gostaríamos de ter ouvido, por exemplo, como é que é possível compatibilizar propostas de mais investimento em setores estratégicos da sociedade - e que tão necessários são porque ainda há tanto para fazer na saúde, educação, em tantas áreas fundamentais da sociedade - ao mesmo tempo que se responde às metas obsessivas Bruxelas, porque elas são incompatíveis", declarou..Sobre os próximos atos eleitorais, Marisa Matias apenas disse que o Bloco "tentará reforçar a sua posição, o seu papel", que considera "tem sido positivo" para os portugueses..CDS e o congresso no pavilhão da fantasia.O vice-presidente do CDS-PP Nuno Melo comentou hoje com ironia o congresso do PS, dizendo que parecia estar-se no reino da fantasia, e associou o Governo de António Costa ao passado e a José Sócrates..Depois de ouvir o discurso de António Costa no 22.º Congresso Nacional do PS na Batalha, distrito de Leiria, Nuno Melo sublinhou que, no executivo socialista, à exceção de Sócrates, estão lá "os mesmos ministros, os mesmos secretários de Estado, os mesmos assessores que até 2011 arruinaram as contas públicas do país e trouxeram a 'troika'"..E também assinalou o facto de "um dos maiores aplausos" do congresso ter sido para Sócrates, o líder que deu a primeira maioria absoluta ao PS, foi primeiro-ministro e é acusado no Processo Marquês.."Não deixa de ser relevante", afirmou o dirigente centrista, que também concluiu que, com esta salva de palmas, "mostra que o PS não aprendeu nada com os erros"..Olhando de fora, Nuno Melo afirmou que teve "uma sensação estranha" de o congresso ter decorrido no pavilhão da fantasia, em Paris, na Eurodisney, e não no pavilhão ExpoSalão, na Batalha..Esta fantasia e a falta de posições do PS quanto à dívida pública ou quanto à "maior carga fiscal" em Portugal, aconselhou, estará "em julgamento" nas próximas eleições, europeias e legislativas, em 2019..PCP alertou para os riscos de uma maioria absoluta.O PCP acusou hoje o PS de continuar "amarrado às submissões do grande capital" e da Europa e alertou para os riscos de uma maioria absoluta dos socialistas nas legislativas do próximo ano..O porta-voz das críticas comunistas foi Carlos Gonçalves, da comissão política do PCP, que representou o partido, que tem um acordo parlamentar de apoio ao Governo minoritário socialista, no encerramento 22.º Congresso Nacional do PS, na Batalha, distrito de Leiria.."Este congresso, no mais fundamental, confirma que o PS permanece amarrado a um conjunto de submissões ao grande capital e à União Europeia, que têm impedido de resolver alguns dos problemas nacionais", afirmou..Além do mais, Carlos Gonçalves não acredita que, se o PS estivesse sozinho do Governo desde 2016, tivessem sido conseguidos "avanços, conquistas, recuperação de rendimentos e de direitos" dos últimos dois anos e meio.."Avanços, conquistas" que "não se devem tanto ao PS, mas muito mais à luta dos trabalhadores e do povo e, seguramente, à intervenção e à proposta do PCP"..Olhando para o futuro e a afirmações de vários dirigentes socialistas, de que, mesmo com maioria, procuraria um entendimento com os partidos à sua esquerda, Carlos Gonçalves responde com uma pergunta em sentido contrário..A pergunta é se "o PS, com uma maioria absoluta, estará disponível, de facto e não na propaganda, para discutir com o PCP coisas sérias", disse.."O caminho que leve até às últimas consequências os aspetos mais positivos desta governação e que seja capaz de dar uma oportunidade ao desenvolvimento, ao futuro, não passa por uma maioria absoluta do PS", afirmou..Exemplos de aspetos negativos dessas cedências ao "grande capital e à União Europeia" são, por exemplo, "manter situações como os juros absurdos da dívida, insuperáveis e impossíveis de satisfazer"..A "quadratura do círculo", de manter estas políticas e um entendimento à esquerda, é impossível, estimou o dirigente comunista..Os Verdes esperam que haja "sintonia" entre o discurso de Costa e a posição do PS no Parlamento.O dirigente do Partido Ecologista "Os Verdes" José Luís Ferreira disse esperar que "haja sintonia" entre o que hoje disse o secretário-geral do PS, António Costa, e as posições dos socialistas na Assembleia da República.."Vamos esperar agora que haja sintonia entre aquilo que hoje aqui foi dito e depois o dia a dia, nomeadamente a posição do PS na Assembleia da República", afirmou aos jornalistas José Luís Ferreira..O também deputado de "Os Verdes" na Assembleia da República comentava o discurso final do secretário-geral do PS no 22.º Congresso dos socialistas, que hoje terminou na Batalha, distrito de Leiria.."Quando falamos de mais democracia, veremos se há sintonia quando se discutir a proposta para repor as freguesias extintas pelo anterior Governo, do PSD/CDS; quando falamos de mais justiça social, vamos ver como é que o PS se vai posicionar quando discutirmos a necessidade de valorizar os salários e os aumentos salariais ou a necessidade de investir nos serviços públicos, nomeadamente na saúde e na educação", declarou o dirigente de "Os Verdes" que, com BE e PCP, suportam o Governo socialista no parlamento..José Luís Ferreira disse ainda esperar sintonia quando o debate for transportes públicos, que "têm um papel importante no que diz respeito ao combate às alterações climáticas e à redução de gases com efeito de estufa"..Classificando o discurso de António Costa "interessante", o deputado ecologista destacou igualmente o facto de ter sido "reconhecida a importância da devolução de rendimentos aos portugueses", como também o facto de o PS se comprometer "com mais justiça social, com mais democracia, mas também empenhado no combate às alterações climáticas".."Vamos esperar que haja uma perfeita sintonia entre as posições que o PS assume na Assembleia da República e hoje, aquilo que foi aqui dito na intervenção de encerramento do secretário-geral do PS", reafirmou.