Arsène Wenger quer jogos de seleções só em outubro
Alvo de críticas constantes pela sobrecarga do calendário competitivo com paragens internacionais para jogos das seleções, a FIFA está a ponderar realizar compromissos oficiais de seleções apenas num único mês. Em outubro.
"A forma atual como são realizados os jogos de seleções não é a mais adequada", atirou Arsène Wenger, diretor de desenvolvimento da FIFA, numa conferência de Imprensa mundial por zoom a que o DN assistiu. "O calendário atual está desfasado. Há paragens em setembro, outubro, novembro, março e junho e em julho inicia-se a temporada. É demasiado. Deve-se reagrupar as fases de apuramento para evitar viagens. Agosto e setembro ficariam só para as competições de clubes e outubro para qualificações. De novembro até ao fim da época, haveria só futebol de clubes. Há que reorganizar as coisas", afirmou Wenger, reservando o mês de junho para a organização dos torneios continentais, como o Europeu e a Copa América, nos anos ímpares, e do Mundial, nos anos pares.
O modelo apresentado pelo francês reduz assim as cinco janelas habituais para jogos de seleções para apenas uma, num formato "mais organizado e eficiente" e que "dará mais descanso" aos jogadores. E permite que a maior parte dos jogadores não fique sem competir enquanto uma pequena percentagem o faz pelas equipas dos respetivos países e uma percentagem ainda menor o faz em europeus e mundiais.
O francês tem andado nas bocas do mundo, depois de admitir a possibilidade de realização de Campeonatos de Mundo de dois em dois anos (e não de quatro em quatro) e voltou a defender a ideia revolucionária. "No geral, há uma resposta positiva a essa [eventual] mudança, mas terá de ser tomada de forma democrática pelas 211 federações que integram a FIFA", referiu o diretor de desenvolvimento da FIFA, que espera ver ser novo mundial bianual a partir de 2026.
O encontro do Grupo Técnico Consultivo da FIFA, em Doha, Qatar (país anfitrião do Mundial 2022), contou com a presença de alguns jogadores como Ronaldo Nazário, Roberto Carlos, Trezeguet, Peter Schmeichel e Tim Cahill e Nuno Gomes. O antigo futebolista brasileiro mostrou-se otimista e favorável a um mundial a cada dois anos: "Olho com muito otimismo para essas mudanças. Não tenho dúvidas de que o campeonato do mundo vai continuar a ser a competição mais prestigiada do mundo. O campeonato do mundo foi pensado há quase 100 anos e a velocidade dos tempos de hoje é diferente. Isso leva-nos a pensar mudar o formato para melhorar a qualidade do espetáculo para os adeptos."
Já o presidente da UEFA, Aleksander Ceferin, está contra e ameaça boicotar a prova. "Podemos decidir simplesmente não disputar a prova. É uma proposta que pode matar o futebol. Penso que nunca irá acontecer, dado que vai contra os princípios básicos do futebol", afirmou Ceferin, em entrevista ao jornal britânico The Times.
"Espero que ganhem noção. Até agora, não houve qualquer abordagem apropriada. Ninguém falou connosco, ninguém se encontrou connosco, ninguém nos ligou, ninguém nos enviou uma carta, nada. Só sei o que leio nos jornais", disse o líder do organismo europeu, acrescentado que a confederação sul-americana (CONMEBOL) está ao lado da UEFA nesta questão.