Em final de legislatura, o PS conta com todos para fazer aprovar as leis que ainda estão no Parlamento, defendeu esta segunda-feira à noite o líder parlamentar socialista, Carlos César, num jantar com autarcas do PS do distrito de Viseu, no decorrer das jornadas parlamentares do partido que decorrem numa unidade hoteleira viseense..Tomando como exemplo a Lei de Bases da Saúde, que tanta celeuma trouxe à geringonça, Carlos César insistiu que o PS é o partido charneira no debate parlamentar. "Estamos a contribuir", sublinhou, "com a nossa conduta, com a nossa postura e com as nossas votações para que os outros partidos também sejam parte de soluções de leis estruturantes". .O próprio líder da bancada socialista fez a contabilidade inclusiva das propostas que "já foram aprovadas de forma indiciária": "25 propostas do PCP, 12 do Bloco de Esquerda, 11 do PSD, quatro do CDS". O que é que isto mostra? "Que a lei em que estamos a trabalhar é uma lei na qual todos tivemos preocupações para que se tratasse de uma lei durável, abrangente e que reflete de um novo sentido de orientação para a política de saúde do nosso país.".Mais uma vez, César sublinhou o que entende ser a benevolência da proposta do PS. "Passámos de uma fase em que a saúde, à luz da Lei de Bases [ainda em vigor] era considerada uma atividade desenvolvida em concorrência entre o público e o setor privado - e mediante a concessão de apoios ao privado para estimular essa concorrência - para uma situação de consagração do princípio da colaboração entre os setores público, privado e social", explicou-se o líder da bancada socialista e presidente do partido..É o argumento com que o PS procura convencer a esquerda parlamentar, que suportou no Parlamento o Governo durante estes três anos e meio. Mas Carlos César voltou a ser crítico, como tinha sido de manhã, quando acusou diretamente o Bloco de Esquerda, mas desta feita sem nomear os bloquistas. "Uma lei como esta só não será aprovada se os partidos colocarem a partidarite e os seus interesses próprios e pré-eleitorais à frente do interesse nacional e à frente de um sistema de saúde que privilegie as pessoas. Um sistema na liderança do qual esteja a responsabilidade do Estado", apontou, usando palavras idênticas às que Catarina Martins tinha usado para replicar às duras declarações anteriores de César..É um pingue-pongue que não retira tensão à geringonça. César ainda ensaiou argumentos à esquerda: a proposta socialista para a Lei de Bases, disse para a plateia de autarcas, "consagra um princípio essencial motor de todo o sistema de saúde"..Com a necessidade de manter uma porta aberta que BE e PCP querem ver fechada. "Assegura-se o primado do Serviço Nacional de Saúde na prestação dos cuidados. Mas tivemos também o cuidado que essa prestação não fosse prejudicada pela incapacidade do Estado em determinadas especialidades ou em determinadas zonas do território. Asseguramos que isso possa ser feito de forma supletiva com o concurso do setor privado.".No registo de que o PS conta com todos, César deu outro exemplo: o do cadastro predial, com socialistas e sociais-democratas a chegarem a um entendimento para as terras sem dono conhecido..O dia dos deputados socialistas em Viseu foi ocupado com visitas a instituições, empresas e organismos do distrito. Carlos César manteve uma agenda mais discreta, com reuniões à porta fechada com as administrações das duas empresas que visitou (uma de abate de aves, a outra gestora de participações sociais) e uma volta pelas instalações de uma delas, a Visabeira. Só de manhã guardou palavras para a atualidade - e a pantufada ao Bloco..No final da visita ao empresa de abate de aves, a Avicasal, César também defendeu a política fiscal do Governo. "Estas empresas [mais] sucesso terão se nós formos progressivamente contribuindo para uma política fiscal amiga das empresas, amiga do interior, que seja atenta à diferenciação das atividades empresariais", defendeu.