A Arábia Saudita, um dos maiores produtores de petróleo do mundo, e dos maiores poluidores, anunciou este sábado uma meta líquida de zero gases com efeito estufa até 2060, para conter as alterações climáticas..O anúncio foi feito pelo príncipe herdeiro Mohammed bin Salman, numa nota divulgada no primeiro fórum de iniciativa verde saudita, a 'Saudi Green Initiative', uma semana antes da 26.ª Conferência das Partes sobre Mudança Climática da ONU (COP26), que decorre em Glasgow, na Escócia, entre 31 de outubro e 12 de novembro, e que junta chefes de Estado de todo o mundo com o objetivo de travar o aquecimento global.."Anuncio hoje [sábado] a meta de zero emissões por parte da Arábia Saudita até 2060, graças a uma estratégia de economia circular de carbono", que pretende aumentar a eficiência do uso dos recursos e reduzir o impacto ambiental, declarou Bin Salman, que participa no fórum sobre o meio ambiente "Saudi Green Initiative".."Sinto-me honrado de anunciar estas iniciativas no setor energético que reduzirão as emissões de carbono em 278 milhões de toneladas anuais até 2030, o que praticamente dobra nossos objetivos anunciados até agora", acrescentou o príncipe herdeiro. Os objetivos "nos permitirão assegurar uma transição (energética) sustentável, sem risco de sofrer consequências económicas ou sociais", afirmou o ministro da Energía saudita, Abdelaziz bin Salman..A economia do reino continua dependente da receita do petróleo, já que a diversificação económica atrasa as ambições do príncipe herdeiro, Mohammed bin Salman, argumentando as autoridades sauditas que o mundo vai continuar a precisar do petróleo saudita nas próximas décadas..De acordo com a ONU, mais de 130 países estabeleceram ou planejam estabelecer o objetivo de reduzir as emissões de gases do efeito estufa a um nível líquido de zero até 2050, um objetivo que a organização internacional considera "imperativo" para preservar um clima habitável..Os anúncios sauditas foram feitos um dia depois de o secretário-geral da ONU, António Guterres, afirmar que a situação climática atual é "uma passagem para o desastre" e ressaltar a necessidade de "evitar um fracasso" na COP26, que começará em Glasgow em 31 de outubro, com o objetivo de travar o aquecimento global..O presidente da COP26, o britânico Alok Sharma, afirmou no Twitter que o anúncio da Arábia Saudita é "histórico" e expressou a esperança "de que estimule os esforços de outros países"..Alok Sharma admitiu ainda, ao jornal britânico The Guardian, que será "definitivamente mais difícil" chegar a um acordo global no final ddesta cimeira de Glasgow do que na de Paris em 2015..O presidente da COP26 considerou "brilhante" o acordo-quadro de Paris, mas salientou que "muitas das regras detalhadas foram deixadas" para o futuro, como se nessa cimeira tivessem "chegado ao final do exame e apenas as perguntas mais difíceis sobrassem", e defendeu estarem a ficar "sem tempo", pois "o exame termina em meia hora".