Apoiarte precisa de mais sócios
A Apoiarte tem dois mil sócios. "Muito pouco para a nossa comunidade artística, não acha?", pergunta Manuela Maria. Os artistas não gostam de pensar no futuro nem na velhice. Só quando estão em dificuldades é que se lembram de ir pagar as quotas. "Tínhamos conhecimento de grandes figuras do nosso panorama teatral que, no fim da vida, viviam num quarto alugado, sem qualquer apoio, com reformas baixíssimas e alguns até sem reforma." Foi para esses - é para esses - que se criou a Apoiarte, cuja principal obra é a Casa do Artista.
"O nosso maior desafio, constante e permanente, é arranjar receitas." Além das quotas dos sócios e das eventuais doações, a Apoiarte tem, junto ao edifício da Casa do Artista, o Teatro Armando Cortez e uma série de salas - para workshops, cursos, ateliers. "Alugamos tudo, precisamos de todas as receitas", diz Manuela Maria. E, depois, contam com a simpatia dos privados. Por exemplo, a Vodafone que ofereceu os computadores portáteis para as aulas de informática (e estão agora a tentar estabelecer uma parceria com uma operadora que disponibilize o acesso à Internet). Ou o Hospital da Cruz Vermelha, onde os residentes podem realizar os vários exames (raios X, ecografias, etc.) com urgência. Na Casa do Artista, a saúde é uma prioridade. Além da marcação de consultas, transporte e acompanhamento sempre que é necessário ir ao médico, existe um centro de fisioterapia, serviço de enfermagem todos os dias, excepto ao domingo, e um médico duas vezes por semana. Uma farmácia de Carnide entrega os medicamentos necessários ao final do dia. Paula Trindade, a directora do lar, sabe os medicamentos que todos tomam e evita os esquecimentos: "Damos-lhes autonomia, mas temos de ficar atentos."