Apenas 12 homens já pisaram a Lua. Conheça-os
"A águia aterrou" foram as palavras que anunciaram a chegada do homem à Lua. O momento foi transmitido em direito na televisão e contou com uma audiência de mais de 530 milhões de pessoas em todo o mundo.
Neil Armstrong, Buzz Aldrin e Michael Collins foram os protagonistas da primeira aterragem com sucesso na Lua: Neil Armstrong e Buzz Aldrin foram responsáveis pela chegada do módulo lunar Eagle (Águia) ao Mar da Tranquilidade e foram os dois primeiros homens a pisar a superfície lunar. Michael Collins, apesar de não ter pisado a superfície lunar, teve um papel fundamental na missão ao pilotar sozinho o módulo de comando Columbia na órbita da Lua, enquanto os seus companheiros estavam na superfície.
Para marcar a presença do homem na Lua, foi deixada uma bandeira norte-americana, uma placa em que se pode ler "Aqui, Homens do Planeta Terra colocaram os pés na Lua pela primeira vez. Viemos em paz em nome da humanidade" e três medalhas em homenagem à tripulação da primeira missão lunar, a Apollo 1, que morreu num teste de lançamento.
O interesse pela aviação surgiu numa tenra idade, quando, aos 6 anos, o pai o levou a dar uma volta num avião Ford Trimotor, um dos mais populares aviões no mundo. Aos 15 anos, ainda antes de ter a carta de condução, Armstrong já tinha acumulado lições suficientes de aviação para poder pilotar.
Com 38 anos, Armstrong fez história, quando se tornou o primeiro homem a pisar a Lua.
Depois da missão Apollo 11, o astronauta preferiu levar uma vida privada e longe dos olhares do público, permanecendo na NASA até 1971 e integrando o corpo docente da Universidade de Cincinnati como professor de engenharia aerospacial durante 8 anos. Ainda assim, em 1979, Armstrong fez uma exceção e concordou aparecer numa publicidade do Super Bowl aos automóveis Chrysler, justificando que o fez porque queria que a fábrica de carros norte-americana melhorasse as suas vendas e continuasse a contribuir para a economia nacional - os anúncios nunca mencionaram que Armstrong era um astronauta.
Em 2005, numa das poucas entrevistas que deu, Neil Armstrong descreveu a Lua e a sua experiência no satélite da Terra ao repórter Ed Bradley, do programa de notícias 60 Minutes: "É uma superfície brilhante naquela luz solar. O horizonte parece muito perto, porque a curvatura é muito mais pronunciada do que aqui na Terra. É um lugar interessante para se estar. Recomendo." Nesse mesmo ano, saiu a sua biografia, Primeiro Homem: A Vida de Neil, escrita por James R. Hansen, que conduziu entrevistas com Armstrong, a sua família e amigos.
O autor da célebre frase "one small step for man, one giant leap for mankind" (um pequeno passo para o homem, um salto gigante para a humanidade) morreu com 82 anos, em 2012.
Aldrin foi o segundo homem a pisar a Lua, nove minutos depois de Neil Armstrong. E esta não seria a sua primeira vez no espaço - em 1966, a bordo da Gemini XII, o astronauta passou mais de cinco horas a caminhar no espaço e a trabalhar fora do módulo espacial.
Inicialmente, Aldrin lidou mal com a fama e o destaque que a viagem à Lua lhe deu, refugiando-se durante vários anos no álcool e passando por várias depressões até ficar sóbrio em 1978.
Agora, com 89 anos, Buzz é tão ativo como quando caminhou na Lua: depois de gravar uma música com o artista Snoop Dogg, o astronauta projeta foguetes espaciais, explora o fundo dos oceanos (inclusive, já visitou as ruínas do Titanic), tem oito livros e inúmeros artigos científicos publicados e defende pelo mundo fora a continuidade da exploração espacial, designadamente a exploração de Marte, multiplicando-se em projetos pedagógicos e de divulgação.
Buzz Aldrin nasceu, na verdade, Edwin E. Aldrin Jr., mas o astronauta alterou-o legalmente para Buzz Aldrin no início dos anos 80. O nome "Buzz" foi dado pela irmã Fay Ann, que na tentativa de dizer "brother" (irmão), pronunciava "buzzer". "Buzzer" acabou por ser abreviado para "Buzz".
Obra do destino, ou pura coincidência, o nome da mãe de Buzz era Marion Moon (Lua).
A Apollo 12 foi a segunda missão a pousar na superfície lunar e a primeira a fazer uma aterragem de precisão num ponto predeterminado do satélite da Terra, no Oceano das Tormentas.
Os astronautas Charles Pete Conrad e Alan Bean estiveram 31 horas na Lua e trouxeram para a Terra registos fotográficos, rochas, amostras de solo e partes da Surveyor 3 - uma sonda não tripulada enviada dois anos antes - para estudos dos efeitos da permanência na Lua no material do objeto.
Charles Conrad foi o terceiro Homem a pisar a Lua, mas o seu percurso até esse momento não foi fácil.
Antes de pisar o solo lunar, Conrad, que sofria de dislexia desde a infância, foi expulso de uma escola por reprovar de ano e, da primeira vez que tentou entrar para a NASA, disseram-lhe que as suas capacidades não eram adequadas para voos de longa duração.
O seu primeiro contacto com a aviação foi aos 15 anos, num trabalho de férias de verão num aeroporto, em que aprendeu sobre mecânica e o funcionamento de aviões. Aos 16 anos, depois do avião de um instrutor de voo ter sido forçado a pousar de emergência, Conrad arranjou o avião sozinho. O piloto do avião disponibilizou-se para lhe dar as aulas de voo de que precisava para obter o certificado de piloto e Conrad acabou por conseguir a licença ainda antes de acabar o secundário.
Em 1996, com o seu espírito de aventura ainda presente, fez parte da tripulação de um Learjet, uma aeronave de alta performance, que quebrou o recorde de tempo de volta ao mundo, registado em 49 horas, 26 minutos e 08 segundos.
Três semanas antes das comemorações dos 30 anos da ida do homem à Lua, em julho de 1999, Conrad teve um acidente de mota e morreu de hemorragia interna seis horas depois do acidente.
Alan Bean foi o piloto do Módulo Lunar da missão Apollo 12 e o quarto homem a pisar a superfície lunar.
Durante a sua carreira de astronauta, Bean pintava quadros cujos temas estavam essencialmente relacionados com a Terra. Só em 1981, quando deixou a sua carreira de 20 anos na NASA, é que o astronauta decidiu começar a retratar nos seus quadros as experiências que teve como astronauta.
Com o passar dos anos, a arte de Bean evoluiu para uma mistura da pintura com a escultura, contando com texturas criadas através de algumas das suas ferramentas lunares e com "salpicos" de poeira do Oceano das Tormentas.
O primeiro e único artista a pisar a Lua morreu aos 86 anos, a 26 de maio de 2018.
A missão Apollo 14, a terceira a pousar na Lua e a primeira a ser transmitida a cores na televisão, saiu da Terra no dia 31 de janeiro de 1971 com os astronautas Alan Shepard,o Comandante, Edgar Mitchell, Piloto do Módulo Lunar, e Stuart Roosa, Piloto do Módulo de Comando.
A missão tinha como objetivo pousar na região Fra Mauro, local designado para a aterragem da Apollo 13 que, devido a uma explosão de um dos tanques do oxigénio da nave, não chegou a aterrar na Lua.
Alan Shepard e Edgar Mitchell não foram os primeiros astronautas a chegar à superfície lunar, mas a sua viagem ficou marcada por vários feitos: a maior distância até então percorrida na Lua e o maior tempo de permanência na superfície (33 horas) registaram-se no seu "mandato" e, apesar de só se ter descoberto em janeiro de 2019, a tripulação da Apollo 14 foi responsável por trazer da Lua a rocha mais antiga da Terra.
Na missão em que, pela primeira vez, se subiu a pé uma colina na Lua, os astronautas deixaram uma placa em homenagem à missão Apollo 13 que dizia "Here Men from the Planet Earth put the third time foot on the Moon, January 1971 A.D. What does the future guide the paths of mankind" (Aqui, os homens do Planeta Terra colocaram pela terceira vez os pés na Lua, Janeiro de 1971. Que o futuro guie os caminhos da Humanidade).
A 5 de maio de 1961, Alan Shepard tornou-se o primeiro norte-americano a ir ao espaço, um mês depois do russo Yuri Gagarin. Dez anos depois, Shepard deixaria novamente a atmosfera terrestre para se tornar o quinto homem a pisar a Lua e o único a jogar golfe no satélite da Terra.
A missão Apollo 14 foi a segunda e última viagem ao espaço de Shepard, que se reformou da agência espacial em 1974. Depois de sair da NASA e da Marinha, trabalhou como executivo em várias empresas e acabou por fazer fortuna no ramo imobiliário e bancário.
Entretanto, em 1996, ainda antes de ter ido à Lua, Shepard foi diagnosticado com leucemia e, a 21 de julho de 1998, morreu por complicações derivadas da mesma.
Em 1971, com 40 anos, 5 anos depois de ter entrado para a NASA, Edgar Mitchell foi escolhido para partir na missão Apollo 14, tornando-se o sexto homem a pisar a Lua.
De todos os homens que pisaram a Lua, Mitchell foi o maior entusiasta das teses sobre fenómenos paranormais e de existência de vida extraterrestre. Depois de na sua viagem à Lua ter tido, como descreveu, uma "epifania", o astronauta fundou uma organização sem fins lucrativos, o Instituto de Ciências Noéticas, dedicada ao estudo da área e a comprovar que a Humanidade não está sozinha.
Curiosamente, Mitchell cresceu na cidade de Roswell, no Novo México, popular pelo rumor da queda de um Objeto Voador Não Identificado (OVNI) em 1947. A versão oficial do Governo face ao acontecimento é que os destroços encontrados pertenciam a um balão lançado pela Força Aérea, mas Mitchell e outros investigadores de vida extraterrestre não acreditam. De acordo com as declarações dadas pelo astronauta à CNN, os residentes foram "aconselhados pelo exército a não falar do assunto" e que na sua opinião "o nosso destino é fazer parte da comunidade planetária... devemos estar preparados para sairmos do nosso planeta e sistema solar e descobrir o que realmente se passa do outro lado",
Edgar Mitchell morreu a 4 de fevereiro de 2016, aos 85 anos, no seguimento de uma breve doença, não revelada pelos familiares.
A missão Apollo 15 foi lançada a 26 de julho de 1971 e terminou 12 dias depois, a 7 de agosto, com a exploração lunar a ocorrer entre os dias 30 de julho e 2 de agosto na região lunar Hadley-Apennine.
Os astronautas escolhidos para esta missão foram David R. Scott, o Comandante, James B. Irwin, o Piloto do Módulo Lunar, e Alfred M. Worden, o Piloto do Módulo de Comando.
A Apollo 15 ficou na história pela utilização do primeiro Jipe Lunar (ou Rover Lunar), que permitiu aos astronautas explorar áreas mais distantes da zona onde se encontrava o módulo lunar Falcon. No total, Scott e Irwin percorreram cerca de 28 km da superfície lunar no Rover e passaram mais de 18 hora a explorar fora do módulo lunar.
Além da utilização do primeiro Rover Lunar, a equipa encontrou uma das rochas mais famosas do programa de missões Apollo, a Genesis Rock, com cerca de 4,5 mil milhões de anos.
Antes de se tornar o sétimo homem a pisar a Lua, Scott já tinha viajado no espaço duas vezes - a primeira, na missão Gemini VIII, e a segunda, a bordo do Módulo de Comando da Apollo 9.
Na missão Apollo 15, Scott comprovou a teoria de Galileu Galilei de que dois corpos com massas diferentes caem com à mesma velocidade na falta de atmosfera. O astronauta deixou cair uma pena de falcão e um martelo ao mesmo tempo e os dois chegaram ao solo lunar no mesmo momento.
James Irwin entrou para a agência espacial norte-americana em 1966 e 5 anos depois foi selecionado para pilotar o Módulo Lunar Falcon, na missão Apollo 15.
Para o astronauta, a viagem à Lua revelou-se uma experiência religiosa, quando ele e o seu colega, David Scott, encontraram a rocha milenar Genesis. Sentindo que a experiência o tinha aproximado mais de Deus e aumentado a sua fé no Cristianismo, o astronauta criou a Fundação evangélica High Flight (Voo Alto) em 1972 e fez várias expedições ao Monte Ararat, na Turquia, na esperança de descobrir os restos da Arca de Noé.
No dia 8 de agosto de 1991, o oitavo homem a pisar a Lua teve um ataque cardíaco e morreu. Foi o primeiro dos 12 astronautas a morrer.
A Apollo 16 foi a penúltima missão do programa a levar astronautas à superfície lunar e a primeira a aterrar numa região montanhosa da Lua.
A missão lançada a 16 de abril de 1972 levou à Lua os astronautas John Young, enquanto Comandante, Charles Duke, Piloto do Módulo Lunar Orion, e Thomas Mattingly, responsável pelo Módulo de Comando.
No dia 21 de abril, o módulo lunar Orion aterrou na região montanhosa Descartes. Os astronautas estiveram 71 horas na superfície lunar e aproximadamente 20 horas fora do módulo lunar a recolher informações com o Rover Lunar, que percorreu 27 km, um pouco menos do que na missão Apollo 15.
O nono homem a pisar a Lua, o astronauta com a carreira mais longa (42 anos) de astronauta da NASA, foi ao espaço seis vezes.
Na infância, os seus passatempos favoritos eram construir modelos de avião e ler - aos 5 anos, Young leu a enciclopédia.
A sua carreira na NASA teve início em 1962, quando foi selecionado para integrar o segundo grupo de astronautas da agência espacial, o grupo conhecido como "The New Nine" (os novos nove).
O astronauta que escondeu uma sandes de rosbife na nave para comer no espaço, fez parte das missões Gemini III, Gemini X, Apollo 10, Apollo 16, STS-1 - responsável pelo lançamento do primeiro vaivém espacial, o Columbia - e STS-9.
"Acho que fui um homem com muita sorte", disse Young quando se reformou da NASA em 2004.
O astronauta morreu aos 87 anos, no dia 5 de janeiro de 2018, por complicações derivadas de pneumonia.
Charles Duke foi o décimo homem a pisar a superfície lunar, mas acompanhou os passos dos primeiros homens no satélite.
Em 1969, Duke fez parte da equipa de apoio terrestre aos astronautas da missão Apollo 11. Duke foi responsável pela comunicação com os astronautas em missão e no momento em que o módulo lunar Eagle aterrou, proferiu as famosas palavras "Roger Tranquility, we copy you on the ground. You got a bunch of guys about to turn blue here. We are breathing again. Thanks a lot." (Entendido, Base da Tranquilidade, recebemos a mensagem no solo. Fizeram um monte de pessoas ficarem azuis por aqui. Estamos a respirar outra vez. Muito obrigada."
Numa entrevista recente ao Business Insider, Duke contou que quase morreu na Lua. A tripulação já não tinha muito tempo restante na superfície da Lua antes de ter que voltar para dentro do módulo lunar e, não querendo desperdiçar tempo, Duke decidiu dar um salto mais alto do que o normal para se lançar numa maior distância. O peso do fato e do sistema de suporte de vida que tinha agarrado às costas acabaram por puxar Duke para trás. Na eventualidade de a proteção do sistema de suporte de vida se partir, Duke morreria.
"A mochila pesava tanto quanto eu. Então acabei por ser puxado para trás", explicou Duke. "É uma casca de fibra que contém todos os sistemas de suporte à vida. Se se partisse, estaria morto."
A Apollo 17 levou os 11º e 12º homens à superfície da Lua, marcou o fim do programa Apollo e foi a missão que mais tempo permaneceu na superfície lunar.
A tripulação da Apollo 17 foi composta por Eugene Cernan, o Comandante, Ronald Evans, o Piloto do Módulo de Comando, e Harrison Schmitt, o Piloto do Módulo Lunar e único geólogo a ir à Lua.
Cernan e Schmitt aterraram o módulo lunar Challenger, no vale Taurus-Littrow, uma região geologicamente muito relevante e no centro da qual se podiam ver inúmeras crateras escuras, provavelmente produzidas por material vulcânico.
Na última missão à Lua, foram recolhidos 115 kg de amostras do solo lunar e percorridos 35 km da superfície do satélite.
Eugene Cernan deixou a sua marca na história com três missões notáveis ao espaço: piloto da missão Gemini IX, do Módulo Lunar da Apollo 10 e Comandante da Apollo 17, Ceranan foi o décimo primeiro homem a chegar à Lua e o último a pisá-la (foi o último a subir ao módulo lunar Challanger).
Cernan entrou para a agência espacial em 1963, foi a terceira pessoa a caminhar no espaço e acumulou um total de 566 horas e 15 minutos no espaço - cerca de 73 horas passadas na Lua.
"Olhar para a Terra e a sua beleza - o azul dos oceanos, o branco da neve e das nuvens, rodeados do preto mais preto que podem conceber na vossa cabeça, com milhares e milhares de estrelas - foi absolutamente incrível." disse Cernan.
Antes de entrar para o módulo lunar para voltar ao Planeta Terra, o astronauta proferiu as últimas palavras do homem na Lua: "No momento em que deixamos a Lua e Taurus-Littrow, partimos como chegamos, e se for a vontade de Deus voltaremos com paz e esperança para toda a Humanidade. Enquanto dou estes últimos passos na superfície lunar, gostaria de lembrar que o desafio da América de hoje forjou o destino do homem de amanhã. Deus abençoe a tripulação Apollo 17."
A 16 de janeiro de 2017, Cernan morreu. Tinha 82 anos.
O décimo segundo homem a pisar a Lua foi admitido na agência espacial em 1965. Antes de ir ao espaço em 1972, Schmitt desempenhou sempre um papel muito importante nas missões à Lua, preparando os astronautas do programa Apollo para a observação e recolha geológicas. No fim de cada missão, o cientista fazia parte da equipa de exame a avaliação do material recolhido.
Na missão Apollo 17 exerceu, mais uma vez, um trabalho essencial no exame e recolha de material geológico e foi responsável por trazer a rocha 76535 Troctolite, "a mais interessante amostra rochosa trazida da Lua".
Em 1975, Schmitt saiu da NASA e concorreu ao Senado pelo Partido Republicano e foi eleito Senador do Estado do Novo México, o seu estado natal. Depois de uma derrota para o segundo mandato em 1982, tornou-se professor assistente de engenharia na Universidade de Wisconsin.
A última vez que o homem pisou a Lua foi há 47 anos, mas as pegadas do homem estão imortalizadas na superfície do satélite da Terra. Os últimos momentos do ser humano na Lua ficaram registados num vídeo: