Costa e Rajoy relançam ligações ferroviárias Portugal-Espanha
Os primeiros-ministros de Portugal e Espanha assistiram hoje, em Elvas, ao lançamento do concurso para a ligação ferroviária entre Évora e a fronteira, de quase 100 quilómetros, a maior obra ferroviária em 100 anos.
A cerimónia de lançamento, cerca das 12:15, decorreu no Museu de Arte Contemporânea de Elvas e juntou, além de António Costa e Mariano Rajoy, a comissária europeia dos Transportes, Violeta Bulk, e o ministro do Planeamento e Infraestruturas, Pedro Marques.
A obra de construção da nova linha entre Évora e Elvas deverá iniciar-se até março de 2019 e a conclusão está programada para o primeiro trimestre de 2022, num custo de 509 milhões de euros, quase metade provenientes de fundos europeus.
O primeiro-ministro, António Costa, salientou que o investimento na futura ligação ferroviária Évora-Elvas é "simbólico do momento que se vive na economia portuguesa" e significa um reforço do investimento público.
"Vivemos anos de dura crise, conseguimos virar essa página", afirmou o chefe do Governo, estimando num "aumento de 40%" do investimento público em 2018.
António Costa afirmou que "chegou a hora de, em primeiro lugar, apostar também no investimento público e, sem segundo lugar, com o investimento público, ajudar a sustentar este crescimento económico que tem estado assente, sobretudo, no investimento privado e nas exportações".
O chefe do Governo espera resultados e efeitos deste "investimento público" que contribua "não só para o crescimento, mas que ajude os investidores a investir, as empresas a exportar e as pessoas a poderem ter mais e melhor emprego".
Para este ano, e depois de um aumento que disse ter sido de 20% no investimento público em 2017, António Costa espera que este ano o aumento de 40% se reflita positivamente, nos "investimentos em saúde, educação e infraestruturas", para "aumentar a produtividade" da economia "mas também a capacidade de exportar cada vez mais".
Mariano Rajoy considera "excelentes notícias"
Perante o chefe do governo espanhol, António Costa fez esta "nota interna" no seu discurso no qual lembrou que Portugal virou a página da crise ao registar o maior crescimento económico dos últimos 10 anos, em 2017, e o défice mais baixo em 43 anos de democracia.
Mariano Rajoy, por seu lado, afirmou hoje que são "excelentes notícias" o conjunto de obras que Portugal está a desenvolver na ferrovia, acrescentando tratarem-se de projetos de "capital importância" para aproximar os dois países.
"As linhas Évora-Elvas e Elvas-Caia vão ao encontro desse objetivo de capital importância, unir os nossos cidadãos e melhorar o seu dia-a-dia", disse.
Um dia histórico, diz Governo
O ministro do Planeamento e das Infraestruturas, Pedro Marques, considerou hoje "um dia histórico" para Portugal.
"Um dia histórico em que assinalamos o arranque da fase de construção da linha ferroviária entre Évora e a fronteira. É um dia histórico para a Europa e para a consolidação da rede transeuropeia de transportes, um dia histórico para a Península Ibérica e para o reforço de ligações entre os nossos dois países", disse.
Para o governante, trata-se também de "um dia histórico" para o país, uma vez que marca o arranque da "maior obra de linha nova dos últimos 100 anos" na ferrovia portuguesa.
Pedro Marques considerou este investimento "estruturante" e de uma "importância decisiva" para a consolidação da rede ferroviária, enquanto elemento de suporte da coesão europeia.
Antes da cerimónia no museu, o chefe do governo português e a comissária foram à antiga estação de comboios de Elvas, onde descerraram uma placa para assinalar o início da empreitada de modernização do troço Elvas-Caia, na fronteira com Espanha.
De acordo com os dados do executivo comunitário, a modernização do troço Évora-Caia, com um custo estimado de 388 milhões de euros, recebe uma comparticipação da União Europeia de 56% (184 milhões de euros).
O Plano Ferrovia 2020, que promove as ligações com Espanha e a modernização dos principais eixos ferroviários, engloba, no total, um investimento superior a dois mil milhões de euros, dando especial destaque ao transporte de mercadorias e ao transporte público de passageiros.