Anne Sinclair: de grande entrevistadora a esposa dedicada

"Não acredito nem por um segundo nas acusações feitas ao meu marido", afirmou Anne Sinclair, mulher de Dominique Strauss-Kahn, num comunicado no qual apela ainda "à decência e à contenção" por parte dos orgãos de comunicação. Mas já não é a primeira vez que Sinclair, que já foi a mais famosa jornalista de política em França e abandonou a carreira por amor a Strauss-Kahn, é obrigada a manifestar publicamente a confiança no marido devido a escandalos sexuais.
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Anne Sinclair nasceu em 1948, em Nova Iorque, onde os seus pais, judeus franceses, se exilaram durante a Segunda Guerra Mundial. Mudou-se para Paris para fazer os estudos universitártios, em Ciências Políticas e Direito. No entanto, dedicou-se desde sempre ao jornalismo, primeiro na rádio e depois na televisão. Entre 1984 e 1997 apresentou o programa '7/7', um dos programas de informação e política mais populares, que passava no domingo em horário nobre na TF1, um canal francês de grande audiência. Sinclair tornou-se uma das jornalistas francesas mais famosas, sobretudo devido ao seu estilo de entrevistas, que alguns compararam ao norte-americano Larry King, e o seu programa era visto por 10 a 12 milhões de espectadores.

Ao longo da sua carreira, entrevistou figuras tão importantes quanto os presidentes franceses François Mitterand e Nicolas Sarkozy, o norte-americano Bill Clinton e o russo Mikhail Gorbachev, o primeiro-ministro de Israel Shimon Perez e muitos outros. Fora da política, também entrevistou celebridades como a cantora Madonna, o realizador Woody Allen, o fundador da Microsoft Bill Gates, Madre Teresa de Calcutá, o escritor Umberto Eco ou o ensaísta Bernard-Henru Levy.

Em 1997, quando o seu marido, Dominique Strauss-Kahn, se tornou Ministro das Finanças, Anne Sinclair optou por cancelar o programa de televisão, evitando assim eventuais conflitos de interesses. Foi, então, a responsável pelo site da estação TF1 e, em 2003, criou o programa de rádio 'Libre Cours' na France Inter. Também publicou alguns livros sobre política.

Em 2007, Strauss-Kahn assumiu a direcção-geral do FMI e o casal mundou-se para Washington, nos EUA. No ano seguinte ela criou o blog 'Deux ou trois choses vues d'Amerique', no qual comenta vários assuntos da política americana e internacional. Anne Sinclair viaja frequentemente com o marido como uma das "esposas do G20".

Esta não é a primeira vez que Sinclair é envolvida em polémicas sobre a vida sexual do marido. Em Janeiro de 2008 Strauss-Kahn teve uma relação curta com Piroska Nagy, economista húngara que trabalhava também no FMI. A relação foi tornada pública em Agosto desse ano quando Nagy saiu do FMI e se mudou para o Banco Europeu para o Desenvolvimento, em Londres, e em Outubro foi aberta uma investigação para averiguar se Strauss-Kahn teria ou não assediado a sua subordinada. Na ocasião, Anne Sinclair manteve-se ao lado do marido: "Há uma investigação interna no FMI", escreveu no seu blogue na altura. "Estamos calmamente à espera da sua conclusão, que não deve demorar muito. Pela minha parte, este encontro de uma noite está ultrapassado. Virámos a página. Posso acrescentar que nos amamos agora tanto como quando nos conhecemos".

Desta vez, Anne Sinclair ainda não escreveu no seu blogue sobre o assunto, apesar de já ter vindo a público, mais uma vez, defender o marido.

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