Annan reforçou papel de África na cena internacional, diz Martins da Cruz
Kofi Annan "foi um bom secretário-geral" da ONU que "contribuiu para acentuar o papel de África nas relações internacionais", afirmou este sábado o embaixador Martins da Cruz ao DN.
Annan "conhecia bem Portugal, sobretudo o papel que Portugal tinha em África, e foi um homem que acabou o seu mandato com dignidade" apesar das trapalhadas em que o filho foi envolvido, realçou o antigo ministro dos Negócios Estrangeiros português.
A morte de Kofi Annan, com 80 anos, foi divulgada este sábado pela família.
Martins da Cruz assinalou que Kofi Annan foi o segundo africano a liderar a ONU e recordou as conversas que ambos mantiveram sobre a África Austral - em especial sobre Angola, a sair da guerra civil após a morte de Jonas Savimbi - e Timor.
Com a independência de Timor em 2002, importava saber "o que podia fazer" a ONU e as suas forças de capacetes azuis por aquele país, referiu o antigo chefe da diplomacia portuguesa.
Reconhecendo o apreço que Kofi Annan tinha por Portugal, António Martins da Cruz assinalou a divergência que existiu por causa da guerra no Iraque, em que Portugal foi um dos 20 países europeus a apoiar a administração Bush. "Mas lembro-me de ter falado com ele e ele ter compreendido a nossa posição, que não era a maioritária da ONU e ele tinha que defender a posição" das Nações Unidas.