Ana Vilaça, a influencer de By Flávio 

A atriz que co-escreveu e protagoniza <em>By Flávio</em>, do companheiro Pedro Cabeleira foi uma das descobertas da secção das curtas-metragens do Festival de Berlim. Uma atriz que se confirma depois de já ter prometido muito em curtas como <em>Eva</em>, de Bernardo Lopes, e <em>Sheila</em>, de Gonçalo Loureiro.
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Como foi o processo de construção da história e desta personagem da mãe solteira?
Escrever uma personagem desde o início foi muito libertador para mim. Era algo que já queria ter feito há muito. E aqui foi importante poder discutir os diálogos e o tom das coisas. Quando cheguei à rodagem, a Márcia, a minha personagem, era já uma pessoa que eu conhecia bem! Foram três anos em que quase discutimos as vírgulas dos diálogos do filme e aí fomos muito específicos. Isso ajudou muito no processo da rodagem. Pensei sempre na Márcia todo este tempo - o que ela ouvia, o que ela fazia... A minha preocupação como argumentista e não como atriz era a responsabilidade que tinha por estar a escrever com dois homens sobre uma mulher que podia muito facilmente ser julgada. A sorte é que eram dois homens absolutamente feministas e justos, o Pedro e o Diogo S. Figueira. Em Portugal a sociedade ainda olha para as mulheres com uma herança extremamente religiosa.

By Flávio pode provocar sorrisos, embora a sua génese seja mais real que se possa imaginar, não crê?
Espero que sim, que seja honestamente provocatório!

O termo musa é algo que hoje em dia pode gerar alguns equívocos no contexto do politicamente correto, mas incomoda-a quando pode surgir essa perceção em relação a Pedro Cabeleira que é o seu companheiro?
Não me incomoda esse termo, nem sei se sou a musa do Pedro. Uma musa é alguém que partilha coisas com outra pessoa, que inspira o outro a fazer algo... Sei é que nós partilhamos muitos gostos, muitas ideias sobre cinema e a vida. Além do mais, eu e o Pedro provocamo-nos muito na medida em que conseguimos crescer ao ver o mundo e os outros. Esta foi uma rodagem muito tranquila e ele é um excelente "capitão". Senti-me muito protegida por ele e acabou por ser muito fácil trabalharmos juntos, mesmo considerando que não sabíamos muito bem o que esperar.

Que tipo de reações descobriu sobre o filme aqui em Berlim?
No final da sessão fiquei surpreendida quando várias pessoas vieram ter comigo para falar sobre a Márcia e confessar a forma como ficaram tocadas por ela. Falaram dela ser forte e frágil ao mesmo tempo sendo uma mãe solteira jovem! Sentiram que é raro encontrar este tipo de personagens no cinema sem ser a mãe solteira coitadinha...

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