A eurodeputada Ana Gomes escreveu em novembro ao ministro das Finanças, Mário Centeno, a questionar a idoneidade do representante da Parpública na Empordef, pelo facto de ter trabalhado no Banco de Negócios Internacional Europa (BNIE).."Estou absolutamente chocada" por um quadro daquele banco - responsável pelas áreas de "riscos e operações" - ter sido nomeado pela Direção-Geral do Tesouro e Finanças (DGTF) como "mandatário da Parpública para a liquidação da Empordef", afirmou Ana Gomes ao DN..Paulo Santana escusou-se a fazer comentários sobre o caso, por desconhecer o teor da carta e o seu próprio envio ao ministro Mário Centeno. Contudo, após o DN ter-lhe enviado a carta para poder responder, o também presidente da empresa pública DEFLOCnão respondeu até ao fecho desta edição..A carta em causa foi enviada por Ana Gomes a 7 de novembro e até agora não teve resposta, comentou a eurodeputada socialista - nem quanto à figura de Paulo Santana nem quanto ao pedido adicional de informações, para "saber se está a ser conduzida uma investigação às atividades do BNIE, tendo em conta os factos para os quais recentemente alertei"..Segundo Ana Gomes, que qualifica o BNIE como "uma lavandaria" cuja licença para operar em Portugal a levou a questionar as autoridades portuguesas e europeias sobre a natureza daquele banco, Paulo Santana "não tem idoneidade" para "representar a Parpública" na Empordef..A eurodeputada é vice-presidente da comissão especial do Parlamento Europeu dedicada aos "crimes financeiros e a elisão e a evasão fiscais".."Conflito de interesses".A Empordef é a holding pública das indústrias de Defesa e está em processo de liquidação, cujos prazos legais terminaram há vários meses. Para Ana Gomes, o facto de a Empordef (ou algumas das suas participadas) já ter feito negócios com as Forças Armadas Angolanas e ter Paulo Santana na sua administração representa um "conflito de interesses claríssimo"..A própria carta a Mário Centeno é taxativa sobre esse ponto: "Alguém que trabalhou no BNIE lidera agora uma liquidação em que parte dos credores são precisamente as mesmas individualidades angolanas que dominam o BNI [casa mãe] e o BNIE.".A comissão liquidatária da Empordef é presidida por João Pedro Martins - nomeado pelo então ministro da Defesa Azeredo Lopes - e integra Paulo Santana desde fevereiro de 2018..Paulo Santana, por sua vez, é presidente da DEFLOC, a empresa pública criada nos anos 2000 para assumir a compra de dez dos 12 helicópteros EH-101 usados pela Força Aérea em regime de locação operacional..Nas questões enviadas por escrito a Paulo Santana, acompanhando o envio da carta, o DN perguntou-lhe "como e porque é que saiu do BNIE" - onde recebeu 179,1 mil euros em 2015, segundo o relatório e contas do próprio banco -, se "ficou com alguma restrição para trabalhar na banca", quais as "funções [que] exerceu até ser nomeado representante da Parpública na Empordef" em 2018 e ainda "por quem é que foi convidado" para exercer os cargos que tem na holding das indústrias de Defesa..De acordo com o relatório e contas de 2016 do BNIE, no capítulo X (política de remunerações), é dito que "o membro do Conselho de Administração/Comissão Executiva Paulo Alexandre Jacob dos Santos Santana foi destituído do cargo no dia 21 de março tendo passado a exercer funções na Direção de Controlo Interno e Risco"..O DN não conseguiu saber quanto tempo ficou Paulo Santana no BNIE após a colocação na área do "Controlo Interno e Risco"..Contudo, algumas fontes precisaram que Paulo Santana trabalhou quase uma década no Grupo Santander e vários anos no Grupo Oni..Impasse na Empordef.Como o DN já noticiou, com base em fontes civis e militares do setor, existe há meses uma guerra aberta entre os dois administradores da Empordef, João Pedro Martins e Paulo Santana..No caso específico da DEFLOC, presidida por Paulo Santana, haverá uma disputa entre os dois quanto ao futuro dos helicópteros EH-101 após a dissolução da empresa determinada pelo governo em 2015: transitam para a Força Aérea ou para a DGTF ou na Parpública - caso em que o valor patrimonial dos aparelhos passaria a estar inscrito como ativo dessa sociedade (a par das dívidas remanescentes aos bancos)..Note-se que o Governo determinou à Força Aérea, na sequência dos graves incêndios de 2017, que passasse a operar também todos os meios aéreos do Estado ligados aos fogos - tendo quarta-feira sido publicada, em Diário da República, a delegação de competências do ministro da Defesa nessa matéria.
A eurodeputada Ana Gomes escreveu em novembro ao ministro das Finanças, Mário Centeno, a questionar a idoneidade do representante da Parpública na Empordef, pelo facto de ter trabalhado no Banco de Negócios Internacional Europa (BNIE).."Estou absolutamente chocada" por um quadro daquele banco - responsável pelas áreas de "riscos e operações" - ter sido nomeado pela Direção-Geral do Tesouro e Finanças (DGTF) como "mandatário da Parpública para a liquidação da Empordef", afirmou Ana Gomes ao DN..Paulo Santana escusou-se a fazer comentários sobre o caso, por desconhecer o teor da carta e o seu próprio envio ao ministro Mário Centeno. Contudo, após o DN ter-lhe enviado a carta para poder responder, o também presidente da empresa pública DEFLOCnão respondeu até ao fecho desta edição..A carta em causa foi enviada por Ana Gomes a 7 de novembro e até agora não teve resposta, comentou a eurodeputada socialista - nem quanto à figura de Paulo Santana nem quanto ao pedido adicional de informações, para "saber se está a ser conduzida uma investigação às atividades do BNIE, tendo em conta os factos para os quais recentemente alertei"..Segundo Ana Gomes, que qualifica o BNIE como "uma lavandaria" cuja licença para operar em Portugal a levou a questionar as autoridades portuguesas e europeias sobre a natureza daquele banco, Paulo Santana "não tem idoneidade" para "representar a Parpública" na Empordef..A eurodeputada é vice-presidente da comissão especial do Parlamento Europeu dedicada aos "crimes financeiros e a elisão e a evasão fiscais".."Conflito de interesses".A Empordef é a holding pública das indústrias de Defesa e está em processo de liquidação, cujos prazos legais terminaram há vários meses. Para Ana Gomes, o facto de a Empordef (ou algumas das suas participadas) já ter feito negócios com as Forças Armadas Angolanas e ter Paulo Santana na sua administração representa um "conflito de interesses claríssimo"..A própria carta a Mário Centeno é taxativa sobre esse ponto: "Alguém que trabalhou no BNIE lidera agora uma liquidação em que parte dos credores são precisamente as mesmas individualidades angolanas que dominam o BNI [casa mãe] e o BNIE.".A comissão liquidatária da Empordef é presidida por João Pedro Martins - nomeado pelo então ministro da Defesa Azeredo Lopes - e integra Paulo Santana desde fevereiro de 2018..Paulo Santana, por sua vez, é presidente da DEFLOC, a empresa pública criada nos anos 2000 para assumir a compra de dez dos 12 helicópteros EH-101 usados pela Força Aérea em regime de locação operacional..Nas questões enviadas por escrito a Paulo Santana, acompanhando o envio da carta, o DN perguntou-lhe "como e porque é que saiu do BNIE" - onde recebeu 179,1 mil euros em 2015, segundo o relatório e contas do próprio banco -, se "ficou com alguma restrição para trabalhar na banca", quais as "funções [que] exerceu até ser nomeado representante da Parpública na Empordef" em 2018 e ainda "por quem é que foi convidado" para exercer os cargos que tem na holding das indústrias de Defesa..De acordo com o relatório e contas de 2016 do BNIE, no capítulo X (política de remunerações), é dito que "o membro do Conselho de Administração/Comissão Executiva Paulo Alexandre Jacob dos Santos Santana foi destituído do cargo no dia 21 de março tendo passado a exercer funções na Direção de Controlo Interno e Risco"..O DN não conseguiu saber quanto tempo ficou Paulo Santana no BNIE após a colocação na área do "Controlo Interno e Risco"..Contudo, algumas fontes precisaram que Paulo Santana trabalhou quase uma década no Grupo Santander e vários anos no Grupo Oni..Impasse na Empordef.Como o DN já noticiou, com base em fontes civis e militares do setor, existe há meses uma guerra aberta entre os dois administradores da Empordef, João Pedro Martins e Paulo Santana..No caso específico da DEFLOC, presidida por Paulo Santana, haverá uma disputa entre os dois quanto ao futuro dos helicópteros EH-101 após a dissolução da empresa determinada pelo governo em 2015: transitam para a Força Aérea ou para a DGTF ou na Parpública - caso em que o valor patrimonial dos aparelhos passaria a estar inscrito como ativo dessa sociedade (a par das dívidas remanescentes aos bancos)..Note-se que o Governo determinou à Força Aérea, na sequência dos graves incêndios de 2017, que passasse a operar também todos os meios aéreos do Estado ligados aos fogos - tendo quarta-feira sido publicada, em Diário da República, a delegação de competências do ministro da Defesa nessa matéria.