Ameaça silenciosa. Dois milhões de portugueses sofrem de hipertensão

Programa Nacional das Doenças Cérebro e Cardiovasculares analisou dados de cerca de 6 milhões de utentes dos centros de saúde
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Rui Ferreira, coordenador do Programa Nacional de Doenças Cérebro e Cardiovasculares, não tem dúvidas: "A hipertensão é uma ameaça silenciosa. Tem um fator muito relevante - não dói. Sem uma medição credível não é detetada e está anos a criar consequências sem que sejam tomadas medidas". Hoje Rui Ferreira apresenta o relatório Hipertensão nos Cuidados de Saúde Primários. De um universo de cerca de 6 milhões de pessoas 2,6 têm hipertensão. A grande maioria são idosos (72%), mas também há 58 mil abaixo dos 35 anos que sofre da doença. Para o coordenador nacional o mais surpreendente foram as diferenças regionais acentuadas no controlo da doença: se o norte está muito bem, o Algarve tem os piores resultados.

Pela primeira vez o retrato é feito com base nos inscritos nos centros de saúde. A análise aproveita a informação inserida pelos médicos de família através da Plataforma Dados em Saúde, sistema com todos os dados dos doentes que seguem. A base de partida foram os 9 milhões de utentes com médico de família. A amostra foi refinada, retirando os que têm menos de 18 anos e olhando para os que em 2013 foram duas vezes nesse ano ao médico. Foram cerca de 6 milhões de pessoas analisadas.

"Cerca de um terço tem hipertensão. A grande maioria são idosos (72%). São números muito importantes para planear ações e monitorizar intervenção. Não existia nada com esta abrangência. Este é agora o ponto de partida que nos vai permitir dizer se estamos ou não a melhorar na intervenção contra o problema e analisar as diferenças regionais", refere ao DN Rui Ferreira, coordenador das Doenças Cérebro e Cardiovasculares. Os dados recolhidos mostram que, entre os utentes com médico de família e que têm hipertensão, 58 mil têm entre os 18 e os 35 anos, um milhão está entre os 35 e 64 anos e perto de 1,5 milhões tem mais de 65 anos. Do universo de doentes, 35,6% têm a doença controlada.

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