Alice Vieira. Escrever, enviar e receber postais

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"Sempre escrevi postais, desde miúda." E anda hoje não há dia que não escreva, envie e receba postais. Ao todo, são mais de nove mil guardados em casa, arrumados pelos países de origem. Na forma, o lado B de Alice Vieira não se afasta muito daquilo que a tornou reconhecida de todos - como escritora e jornalista. Mas a envolvência é diferente. Conta ao DN, onde trabalhou muitos anos, que há cerca de nove descobriu o post crossing, uma plataforma que potencia a troca de correspondência por postais e cartas entre milhares de pessoas em todo o mundo. Desde então, é algo que lhe ocupa parte dos dias. Escreve para todo o mundo - até para países como Sudão do Sul - e guarda quase todos os postais que recebe.

"Quando o carteiro vê que não recebo postais, toca à minha porta para saber se estou doente. Por mim os correios nunca irão à falência", diz, divertida, ao telefone. Com a pandemia da covid-19 tem-se resguardado e pouco ou nada sai de casa. Os postais, trocados com novos e velhos correspondentes, têm-lhe animado os dias. O assunto da covid também se alastrou pelas cartas e passou a tema recorrente nos últimos tempos, conta. Embora nunca tivesse conhecido ninguém pessoalmente, tem laços de amizade, de anos, com alguns dos amigos dos postais. "Há meses recebi uma carta do marido de uma amiga dos postais, que estava doente, a informar que ela tinha morrido e que nos seus últimos meses de vida era a nossa troca de postais que mais lhe dava prazer."

A par dos postais (no dia em que falamos tinha escrito 50) continua a escrever outras coisas para jornais e revistas. E tem um livro em mãos, que está agora a começar. "Trabalho não me falta. E isso é bom", diz.

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