Alexandra Leitão, professora de Direito e cabeça-de-lista por Santarém, assume que nada tem que ver com o distrito - nasceu e foi criada em Lisboa. Como secretária de Estado da Educação ganhou protagonismo na guerra dos contratos de associação, quando o governo decidiu poupar milhões em apoios a colégios privados. Notoriamente, gosta da gerigonça. Quer que o PS saia "forte" porque é "o garante da estabilidade". Mas também diz que a estabilidade não depende de haver maioria absoluta..É a primeira vez que está em campanha? É a primeira vez que sou candidata a deputada, sim. Há vários anos tinha feito uma campanha para uma junta de freguesia, mas evidentemente teve uma intensidade bastante diferente..É militante do PS? Militante da JS em 1991 e quatro ou cinco anos depois no PS. Sou militante há muitos anos..Tem ligações a Santarém? Não. Nasci em Lisboa e não tenho ligações diretas ao distrito..Mas agora tornou-se mais sensível às questões do distrito? Naturalmente que sim. Na fase de pré-campanha, num processo mais silencioso, fui-me inteirando das fragilidades do distrito e também das coisas boas feitas nos últimos quatro anos. A primeira coisa que fiz foi inteirar-me das realidades do distrito. Mas candidatei-me também por seu meu dever sujeitar-me ao sufrágio do povo. Isso moveu-me muito para aceitar este desafio. Estando na política, ir a votos é muito importante..Candidata-se para ser deputada ou para voltar ao governo? Isso só o futuro dirá..Nos contactos com as pessoas na rua sente que elas gostam da "geringonça", ou seja, da ideia de o PS governar mas tendo de, ao mesmo tempo, conversar permanentemente com o PCP, o BE e o PEV? Já fomos a todos os concelhos do distrito e a reação que temos tido é muito muito positiva ao PS. E quanto à questão do PS governar sozinho ou com parcerias - a famosa geringonça -, eu diria que há de tudo. Há quem verbalize apoio ao PS sem dizer em que termos gostaria que o PS governasse - talvez sejam as pessoas maioritárias. Mas há também quem diga que quer a mesma solução nos quatro anos seguintes. A solução provou ser boa para o país, sem prejuízo de existirem outras formas de o PS ser bom e útil para o país..Diz às pessoas que seria importante que o PS visse reforçadas as condições para ser mais autónomo na governação? Não. O que digo é o seguinte: é importante que o PS saia forte destas eleições porque, numa modalidade ou noutra [com maioria ou sem maioria], o PS é o garante da estabilidade. Sair forte é vencer claramente, e ser a partir do PS que saia a solução de governação, seja ela qual for. A estabilidade, que não tem de ser encontrada necessariamente apenas pela maioria absoluta, é muito importante..Está a gostar de fazer campanha? Estou. Anda-se muitos quilómetros e é cansativo. Mas tem uma vantagem importante: o contacto com as pessoas, direto ou através de instituições. Faz-se campanha para obter votos mas também para nos habilitar a representar melhor a região..Tem sido muito interpelada na campanha pelo que fez como secretária de Estado da Educação? Curiosamente, não. Sou reconhecida por algumas pessoas, mas nesse caso as pessoas até têm sido simpáticas. Devo dizer que nunca me apresento nas ações de campanha como secretária de Estado da Educação..E os contratos de associação? São para continuar os cortes? Conseguimos poupar cerca de cem milhões de euros [em apoios a escolas privadas]. É para continuar a política de não financiar escolas particulares onde exista oferta pública. Mas a análise dessas redundâncias é anual e em cada ano podem variar os sítios onde há carência de oferta educativa. Se houver carência, financia-se o privado; se não houver, não se financia..Tem sentido algum eco na campanha da questão de gratuitidade dos manuais? Não, ninguém me falou disso, nem para dizer bem nem para criticar. Confesso que esperava que me falassem disso, mas francamente ainda não aconteceu.