"Quando a confiança é quebrada as relações ficam comprometidas"
A primeira-ministra britânica afirmou hoje que o alerta máximo, imposto na terça-feira na sequência do ataque da noite da véspera em Manchester, é para manter. Theresa May pediu ainda à população que se mantenha alerta.
"O nível de ameaça, avaliado pelo centro independente de análise de terrorismo, manter-se-á crítico e o público deve manter-se vigilante", disse a primeira-ministra após uma reunião com a comissão de segurança e defesa nacional.
Esta é a primeira vez, em dez anos, que o nível de alerta está no máximo.
Esta manhã, as autoridades responderam a uma chamada em Hulme, Manchester, devido à presença de um pacote suspeito. O bairro foi bloqueado e a brigada de desminagem esteve no local numa operação que terá durado cerca de uma hora. No final, as autoridades anunciaram que a zona foi considerada segura.
Este incidente "não esteve necessariamente" relacionado com o ataque bombista de segunda-feira à noite na Arena de Manchester, após um concerto da artista norte-americana Ariana Grande, segundo disse o chefe da polícia de Manchester. O responsável garantiu, contudo, que todos os incidentes que se venham a registar serão averiguados com seriedade e salientou a importância de toda a população se manter atenta.
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Ian Hopkins garantiu que a investigação continua a avançar e que se mantêm oito pessoas detidas, todos homens, depois de uma mulher ter sido libertada sem acusação.
"Quero assegurar às pessoas que as detenções são significativas e as buscas iniciais revelaram objetos que nós consideramos serem muito importantes para a investigação", disse o chefe da polícia, realçando contudo que a investigação levará alguns dias até estar concluída.
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O chefe da polícia também criticou a divulgação de imagens do detonador e de parte da bomba pela imprensa norte-americana, tendo garantido que essas fotografias perturbaram os familiares das vítimas.
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Aliás, a divulgação de informação alegadamente secreta relativa ao ataque de Manchester pelos Estados Unidos está a gerar um ambiente de tensão entre os dois países.
Theresa May confirmou hoje que vai questionar o presidente dos Estados Unidos sobre as fugas de informações relativas à investigação do atentado de Manchester. Theresa May disse que vai frisar a Donald Trump, em Bruxelas, a importância de manter as informações trocadas em segurança.
"Vou deixar claro [junto do] presidente Trump que as informações que são partilhadas entre as nossas agências policiais devem ser mantidas confidenciais", afirmou May, referindo-se ao encontro que prevê manter com o Presidente norte-americano na Cimeira da NATO, logo à tarde.
Além disso, segundo a BBC, a polícia de Manchester deixa de partilhar informação com as autoridades dos Estados Unidos. A ministra do Interior britânica, Amber Rudd, disse na quarta-feira que enviou uma queixa ao Executivo norte-americano pela difusão de informações sobre o atentado de Manchester antes das autoridades britânicas terem comunicado oficialmente os dados sobre as investigações.
"Nós valorizamos em grande medida as relações que mantemos com os nossos parceiros dos serviços de informações e com as forças de segurança, a nível mundial, com quem partilhamos informações sensíveis. Mas, quando a confiança é quebrada as relações ficam comprometidas", disse um porta-voz da polícia antiterrorista britânica.