Alemanha e França pedem estabilidade em Itália

Os parceiros europeus de Itália sublinharam hoje a necessidade de estabilidade para o país, terceira economia da zona euro, no dia seguinte às eleições gerais.
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O ministro dos Negócios Estrangeiros alemão, Guido Westerwelle, afirmou esperar que Itália consiga formar rapidamente um Governo estável, para continuar a política de reformas "no interesse de toda a Europa".

"É essencial e no interesse de toda a Europa que a Itália consiga formar rapidamente um Governo estável e operacional (...). Os responsáveis políticos em Roma sabem que a Itália continua a precisar de uma política de reformas, uma política de consolidação", declarou Westerwelle, num encontro com a imprensa em Berlim.

"A Itália desempenha um papel central na resolução, com êxito, da crise da dívida europeia. É por isso que contamos que a política de consolidação e reformas continue de forma consequente com o próximo Governo italiano", acrescentou o chefe da diplomacia alemã.

O ministro das Finanças francês, Pierre Moscovici, pediu também a constituição rápida de um Governo sólido, sublinhando que os resultados eleitorais em Itália não ameaçam a zona euro.

A Itália deve "formar rapidamente um Governo estável e forte (...) devemos olhar para esta situação calmamente e esperar pelas conclusões que os políticos italianos vão retirar deste sistema de voto complicado", afirmou.

A coligação de centro-esquerda, liderada por Pier Luigi Bersani, conseguiu 29,5% dos votos, o que lhe dá a maioria absoluta na câmara baixa do parlamento (Câmara dos Deputados), com 340 lugares.

No Senado (câmara alta), ficou com 120 senadores e a coligação de centro-direita, dirigida por Silvio Berlusconi, conquistou 117 lugares. Esta diferença significa, na prática, a ingovernabilidade da câmara, dado que nenhum partido obteve a maioria.

Os observadores políticos referiram a possibilidade de uma aliança no Senado entre o centro-esquerda de Bersani e o movimento anti-política do ex-cómico Beppe Grillo, que conquistou 54 lugares.

Mas o Movimento Cinco Estrelas reiterou já que não tem qualquer intenção de se aliar e que só apoiará as leis que considerar justas.

Fora das possíveis alianças, está o grande derrotado destas eleições, o primeiro-ministro cessante Mario Monti, cuja formação centrista obteve 10,5% dos votos na câmara baixa (45 lugares) e 9,1% no Senado (18).

Durante os próximos dias vai proceder-se à constituição das duas câmaras e dos grupos parlamentares.

Só a 21 de março, o Presidente italiano, Giorgio Napolitano, vai dar início às consultas com os representantes políticos para a formação do Governo.

A única opção de Napolitano - que a Constituição impede de dissolver uma ou as duas câmaras, já que cumpre os seis últimos meses de mandato - é encarregar Bersani de formar Governo e ver se pode contar com uma maioria no Senado.

A 15 de abril, realiza-se a eleição presidencial, para a qual é necessário uma maioria de dois terços do parlamento. O novo Presidente começa o mandato a 15 de maio.

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