Alemães preocupados com risco de radicalização dos refugiados

Autoridades alemãs alertam para o risco de redes de grupos terroristas se aproveitarem do estado emocional dos refugiados para os influenciarem
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As autoridades alemãs estão preocupadas com o risco de os refugiados recém-chegados serem captados por redes cujo objetivo é a radicalização religiosa, segundo o The Wall Street Journal. Panfletos de 16 páginas sobre o risco de radicalização dos migrantes foram distribuídos nos centros de acolhimento de refugiados e os funcionários foram avisados sobre as mesquitas que oferecem maior perigo de radicalização e que os refugiados devem evitar.

Segundo os serviços secretos alemães, de Berlim a Sarre, no sudoeste do país, foi registado um aumento do número de refugiados que frequenta mesquitas suspeitas de promoverem o extremismo e há pelo menos 100 casos em que extremistas assinalados pelos serviços de segurança estabeleceram contacto direto com refugiados.

A técnica dos recrutadores, segundo Torsten Voss, dos serviços secretos alemães, é oferecer ajuda aos refugiados e facilitar o processo de adaptação ao país. Traduções, boleias, comida, abrigo e convites para eventos sociais como jogos de futebol e festas ajudam os extremistas a ganharem a confiança dos migrantes.

"Eles começam por dizer: vamos ajudar-te a viver com as tuas crenças", explicou Torsten Voss, e presenteiam-nos com cópias do Alcorão, roupas muçulmanas conservadoras e bússolas para rezarem em direção a Meca, cidade sagrada no Islamismo.

Quando questionados pelas autoridades, os grupos ligados ao extremismo islâmico afirmam estar apenas a prestar auxílio por razões humanitárias e religiosas.

Há três mesquitas em Berlim assinaladas pelos serviços de segurança como locais onde ideias extremistas são promovidas, mas, como nenhuma lei está a ser desrespeitada, a única opção das autoridades é vigiar estes locais de perto.

Uma fonte oficial declarou ao The Wall Street Journal que o número de refugiados nestas três mesquitas tem aumentado, o que deixa as autoridades em alerta.

"Estas pessoas não chegam aqui prontas para serem radicalizadas", explica Claudia Dantschke, especialista em extremismo islâmico. A solução é integrá-los o melhor possível na sociedade alemã, de acordo com Dantschke, que tem um programa de aconselhamento a radicais. "Nós somos responsáveis por eles se tornarem radicais ou não".

Os extremistas "aproveitam-se do estado emocional dos refugiados para os influenciar, especialmente aos mais novos, e construir laços", segundo os panfletos.

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Estima-se que 70% dos refugiados que chegam à Alemanha sejam muçulmanos, de acordo com os serviços secretos alemães.

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