Agronomia e Académica na final da Taça de Portugal
Curiosamente, pela segunda época consecutiva as quatro equipas qualificadas para as meias-finais da Taça de Portugal foram precisamente as mesmas mas, depois de em 2017, Agronomia ter defrontado o Cascais na final de Setúbal, desta feita os agrónomos vão ter como adversário a Académica de Coimbra em data ainda desconhecida, já que continuam por definir adversários e datas dos dois compromissos da nossa selecção para a qualificação do Mundial 2019 e para o jogo de "play-off" de acesso ao Championship.
Mas os senhores da Rugby Europe e da World Rugby escusam de se apressar que nós, neste cantinho á beira-mar plantado, continuamos à espera...
Na Tapada da Ajuda a diferença entre equipas do grupo A e B do Campeonato ficou exposta à saciedade logo ao minuto 3, quando Manuel Cardoso Pinto quebrou pela primeira vez, e com grande facilidade, a linha de vantagem dos engenheiros dando para o centro fijiano Meli Rokakoa fazer o primeiro ensaio do jogo (5-0).
E 3 minutos depois, com medo que não tivessem percebido bem, o interventivo defesa internacional agrónomo repetia a dose. Desta vez abrilhantando o lance com um pontapé raso bem medido para o ponta António Pena Monteiro que seguiu bem o lance (conhecem-se de olhos fechados...) facturar o 10-0.
Certamente que os homens treinados por Frederico Sousa devem ter treinos mais duros que o jogo desta tarde, pois a defesa das Olaias mostrava-se de papel (pardo...) e sem espantar, nova perfuração de Manuel Cardoso Pinto por ele concluída e um quarto ensaio de autoria do 2.ª linha José Maria Rebelo de Andrade, colocavam o resultado em estratosféricos 20-0 antes da meia-hora.
E precisamente aos 30" uma só jogada seria o mais fiel espelho do jogo: Técnico com várias fases montadas à mão tem uma vantagem de 2-para-1 em cima da linha de ensaio contrária mas um seu jogador faz um passe para a frente, bola recuperada de imediato por Agronomia que com um pontapé faz recuar os engenheiros 40 metros. Alinhamento roubado pelo saltador da casa... e de primeira fase Meli bisava no encontro (25-0 pois em tarde de desacerto José Rodrigues falhava a quinta conversão de ensaio!). É que tal como o algodão, este lance não enganava...
Antes do intervalo Pena Monteiro (veria cartão amarelo pouco depois por falta que outro companheiro cometeu, num erro do árbitro Paulo Duarte, que numa meia-final da Taça não teve auxiliares oficiais!) ainda bisaria após combinação com Rodrigues muito mal defendida pela equipa das Olaias, para 32-0 no descanso.
Na 2.ª parte Agronomia meteu travões às quatro rodas, aguentando sem problemas e muito confortável a maior pressão adversária que em nada redundaria pese embora o esforço e boa atitude dos homens de Kane Hancy. E ainda teve engenho para, com ensaios de Turabelidze e Gonçalo Prazeres, selar os definitivos e concludentes 44-0.
Em Taveiro, com muita chuva mas num terreno em razoáveis condições, a Académica conseguiu de forma inteligente aplicar o modelo de jogo que melhor lhe servia para eliminar um quinze do Cascais que partia com algum favoritismo, isto apesar de ser uma das três equipas que não conseguiu vencer qualquer jogo fora de casa na fase regular do Campeonato. Algo a rever por parte de Tomaz Morais...
Cascais até começou melhor (3-0) mas os pretos lá conseguiram empurrar os homens da Linha para o seu meio-campo, obrigando-os a cometer faltas...e duas penalidades do australiano Adam Danckert - o herói do jogo - levaram a partida para intervalo com 6-3 para os da casa.
O 2.º tempo foi mais dividido e depois de novo pontapé de Danckert os visitantes até alcançaram o único ensaio do encontro numa poderosa saída de n.º 8 numa mêlée por Francisco Sousa (9-8). Mas estava escrito que seria o quinze de João Luís a marcar presença na final da Taça, pois uma maior pressão sobre a defesa adversária daria origem a duas faltas que o pé afinado de Danckert penalizaria para os justos 15-8 finais que carimbaram a presença da Académica no jogo decisivo da competição.
Esta será a terceira vez que Agronomia e Académica se encontram na final da Taça de Portugal, após 1998 (33-15) e 2012 (35-21), ambas as finais ganhas pelos homens da Tapada.
Não haverá duas sem três como pretenderão os agrónomos ou, pelos olhos dos coimbrões, à terceira será mesmo de vez?