Agente da PSP suspeito de agressão a Cláudia Simões constituído arguido

O inquérito tem dois arguidos constituídos - foi apenas confirmado o nome do agente - e encontra-se sujeito a segredo de justiça.
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O agente da PSP que alegadamente agrediu, em janeiro, uma passageira numa paragem de autocarro, na Amadora, foi constituído arguido na sequência da denúncia apresentada pela mulher, confirmou ao Diário de Notícias a Procuradoria-Geral da República (PGR).

"Ao abrigo do disposto no art.º 86.o, nº. 13, al. b) do Código de Processo Penal, confirma-se a constituição como arguido", lê-se na resposta enviada.

De acordo com a PGR, o inquérito encontra-se em investigação e tem dois arguidos constituídos, no entanto só o nome do agente da PSP, Carlos Canha, foi confirmado.

O inquérito encontra-se sujeito a segredo de justiça.

No dia 19 de janeiro, Cláudia Simões, de 42 anos, foi detida numa paragem de autocarro, na Amadora, depois de um desentendimento com o motorista do autocarro - que foi agredido uma semana depois - supostamente porque a filha não transportava o passe.

Segundo o relato de Cláudia Simões, o motorista chamou um agente da PSP que ali passava, tendo sido abordada "agressivamente" e o seu telemóvel atirado para o chão.

A mulher, que, entretanto, foi constituída arguida e sujeita à medida de coação de termo de identidade e residência, foi indiciada do crime de resistência e coação sobre agente da autoridade.

Cláudia Simões contou que sofreu agressões num carro da PSP, onde garante ter sido esmurrada e alvo de ofensas verbais antes de ser assistida no Hospital Fernando Fonseca, na Amadora.

No dia 20 de janeiro, a PSP anunciou a abertura de um processo de averiguações na sequência da denúncia apresentada pela mulher contra o polícia.

Também o ministro da Administração Interna (MAI) ordenou a abertura de um inquérito sobre a atuação policial no caso da detenção de Cláudia Simões, que resultou numa denúncia contra o polícia de serviço.

A organização SOS Racismo recebeu "uma denúncia de violência policial contra a cidadã portuguesa negra", indicando que a mulher ficou "em estado grave", resultado das agressões que sofreu na paragem de autocarros e dentro da viatura da PSP em direção à esquadra de Casal de São Brás, na Amadora.

Na sua tomada de posse, o novo diretor nacional da PSP, Magina da Silva, afirmou aos jornalistas que aquilo que viu no vídeo foi "um polícia a cumprir as suas obrigações e as normas que estão em vigor na PSP", não tendo visto "qualquer infração".

Vários partidos já pediram esclarecimentos ao MAI sobre a atuação policial nesta situação, entre os quais o Bloco de Esquerda, que questionou o Governo sobre se tem conhecimento da destruição de imagens da videovigilância no caso das agressões e "que diligências" fará para "recuperar as imagens apagadas".

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