"O virus adaptou-se muito bem aos humanos e deve ficar entre nós"

A diretora do Centro Europeu de Prevenção e Controlo das Doenças afirma que "parece mais provável que [o novo coronavírus] fique" do que desapareça.
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O mundo deve estar preparado para que a covid-19 continue "entre nós", alertou, esta sexta-feira, a diretora do Centro Europeu de Prevenção e Controlo das Doenças (ECDC) à AFP.

"Agora parece mais provável que o [novo coronavírus] fique" do que desapareça, declarou Andrea Ammon, a responsável da agência europeia. "Parece que se adaptou muito bem aos humanos e devemos preparar-nos para que fique entre nós", acrescentou.

Andrea Ammon diz que "não seria o primeiro vírus a ficar connosco para sempre, porque não é uma característica incomum para um vírus", destacou a diretora da ECDC.

Embora as vacinas reduzam drasticamente o risco de contrair a doença provocada pelo novo coronavírus, os cientistas ainda não estabeleceram com certeza se também reduzem a transmissão do vírus.

Quando é que vai ser possível saber que a imunização da população reduz a transmissibilidade? "Ainda vai demorar alguns meses. É preciso que haja uma certa quantidade de pessoas vacinadas", respondeu Ammon, referindo que estão a ser preparados "estudos especiais" sobre esta questão.

Há ainda a preocupação de que as vacinas possam não ser tão eficazes contra algumas variantes do vírus, especialmente as sul-africanas e brasileiras.

Ammon deu o exemplo da gripe sazonal para a qual as vacinas têm que se adaptar todos os anos. "É possível que ocorra o mesmo [com o SARS-CoV-2], ou que em algum momento (o vírus) se estabilize e possamos usar uma vacina durante um longo período", disse à AFP por videoconferência.

Perante a atual realidade que o mundo vive, a diretora da ECDC pede a todos os países da União Europeia (UE) a manterem as medidas restrititivas, apesar da diminuição no número de casos de infeção verificada em grande parte da Europa.

"Não estamos realmente fora de perigo", disse Ammon, indicando que todos os estados membros da UE, com exceção da Finlândia, ainda estavam numa "situação epidemiológica de grande preocupação", de acordo com os critérios da ECDC.

"Todas as pessoas estão fartas das medidas, mas quando se está a fazer um percurso de longa distância... tem que se correr os últimos quilómetros", enfatizou.

De acordo com os dados oficiais recolhidos pela AFP, o número diário de casos de covid-19 na Europa situa-se atualmente nos cerca de 150 mil. Há um mês, este indicador situava-se nos 250 mil.

A diretora da agência europeia defende que qualquer levantamento de medidas deve ser feito de forma faseada e gradual e apenas quando é observado uma estabilização ou uma maior redução nos números.

A campanha de vacinação na UE, que começou no final de dezembro, teve um início difícil, prejudicado pela falta de vacinas e atrasos nas entregas das doses.

De acordo com dados oficiais divulgados na sexta-feira, apenas 3% das pessoas na UE receberam pelo menos uma dose da vacina e 1,4% as duas doses, com um total de 20 milhões de doses administradas.

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