Africanos vivem "com medo" após assassinatos na Índia
O 'Group of African Heads of Mission' disse que apela aos seus governos para não enviarem estudantes para a Índia até as condições de segurança melhorarem, após o que dizem ser ataques racistas impunes.
O caso mais recente é o de Masunda Kitada Oliver, da República Democrática do Congo. Foi alegadamente morta à pancada em Nova Deli, na sexta-feira à noite, por três indianos depois de uma discussão por causa de um riquexó.
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"Dado o clima de medo e insegurança em Deli, o 'African Heads of Mission' não tem muita opção, senão recomendar aos seus governos que não enviem estudantes para a Índia, até que a sua segurança possa ser garantida", disse o chefe do grupo e embaixador da Eritreia, Alem Tsehage Woldemariam.
"Vários ataques e assédios a africanos na Índia passaram despercebidos sem acusação e condenação dos criminosos", disse.
Para embaraço de Nova Deli, os enviados disseram que não iriam participar nas celebrações do Dia de África organizados pelo Conselho Indiano de Relações Culturais na quinta-feira.
Disseram que a comunidade de África estava de luto pela morte de Oliver e pediram para o evento ser adiado.
Oliver tinha completado a sua pós-graduação na Índia e estava a ensinar num instituto privado da capital.
A polícia prendeu dois dos três homens acusados do ataque mas negam que o assassinato tenha sido motivado por questões raciais.
O ministro dos Negócios Estrangeiros condenou o assassinato mas disse que nem todos os ataques a pessoas de África devem ser considerados racistas.
"Milhares de estudantes africanos continuam a seguir a sua educação na Índia sem problemas", disse um porta-voz do ministro dos Negócios Estrangeiros num comunicado.
O ministro júnior Vijay Kumar Singh vai reunir-se com os chefes de missão e com estudantes para garantir-lhes segurança, referiu o porta-voz, sem especificar uma data.
Em 2103, um nigeriano foi morto por uma multidão no oeste do estado de Goa, com os políticos locais depois a comparar os africanos a cancro.
Entretanto em janeiro, uma multidão indiana espancou uma mulher da Tanzânia e os seus amigos em Bangalore. Incendiaram também o seu carro antes de os arrastar de um autocarro, num ataque de aparente vingança por causa de um acidente de carro anterior.
O ministro da justiça de Nova Deli foi também acusado em 2014 de assediar uma mulher africana, depois de ter conduzido uma multidão por uma parte da capital, acusando as mulheres de serem prostitutas.