A Amnistia Internacional pediu esta quarta-feira uma investigação aos crimes de guerra cometidos pelos talibãs e a morte de civis pelas forças de segurança afegãs e tropas norte-americanas, sobretudo, durante os combates antes da queda de Cabul.."Os meses que antecederam ao colapso do Governo de Cabul (15 de agosto de 2021) estiveram marcados por repetidos crimes de guerra e um constante derramamento de sangue cometidos pelos talibãs, assim como por mortes causadas pelas forças afegãs e norte-americanas", disse a secretária-geral da Amnistia Internacional (AI), Agnés Callamard, através de um comunicado..A organização de defesa dos direitos humanos com sede em Londres refere num relatório que "à medida em que os fundamentalistas (talibãs) foram tomando controlo do país, torturaram e mataram membros de minorias étnicas e religiosas, antigos membros das forças de segurança e simpatizantes do Governo afegão"..A AI indica que no passado dia 06 de setembro (após a queda de Cabul), os talibãs capturaram e mantiveram em cativeiro durante dois dias cerca de 20 homens numa ofensiva na província de Panjashir, sem qualquer tipo de assistência, alimentos ou água..De acordo com a organização, seis pessoas foram executadas pelos talibãs no mesmo dia durante uma rusga para capturar antigos colaboradores do Governo deposto..As testemunhas que falaram à AI disseram que as pessoas abatidas no mesmo local não eram membros das forças de segurança afegãs..O mesmo documento refere também os acontecimentos do passado dia 29 de agosto quando um ataque com aparelhos voadores não tripulados (drones) efetuado pelos Estados Unidos e que matou 10 pessoas, incluindo sete crianças, em Cabul..Outras 12 pessoas morreram e 15 ficaram feridas na sequência de oito tiros de morteiro efetuados pele Exército Nacional Afegão, na mesma altura, na capital do país..O uso destas armas de combate em zonas povoadas por civis é "indiscriminado" e pode constituir "um crime de guerra", acusa a Amnistia Internacional..Assim, Callamard urgiu o Tribunal Penal Internacional a investigar os atos cometidos pelos militares dos Estados Unidos e do Afeganistão "para que sejam apurados possíveis crimes de guerra".."O povo afegão já sofreu demasiado e as vítimas devem ter acesso à justiça e receber indemnizações", disse ainda a secretária-geral da AI..Neste sentido, a organização pede aos talibãs e aos Estados Unidos para que cumpram as obrigações e estabeleçam mecanismos claros e sólidos para os civis possam solicitar ajudas pelos danos sofridos durante o conflito.."As autoridades talibãs têm agora a mesma obrigação legal de proporcionar reparações e devem abordar com seriedade todas as questões relacionadas com danos a civis", concluiu Callamard.