Os advogados do ex-primeiro ministro José Sócrates acusaram o Ministério Público (MP), num comunicado hoje divulgado, de "proteção corporativa aos principais suspeitos" de violação do segredo de justiça por notícias difundidas sobre o "Caso Marquês"..O (MP) anunciou hoje que vai levar a julgamento 13 jornalistas, incluindo diretores, de três órgãos de comunicação social por violação do segredo de justiça, por notícias difundidas sobre o "Caso Marquês".."No entanto, o mesmo MP decidiu arquivar os processos, incorporados no mesmo inquérito, contra os responsáveis pela divulgação dos elementos sujeitos a segredo", referem os advogados Pedro Delille e João Araújo no comunicado, acrescentando que esta "é uma decisão que indicia fortemente a proteção corporativa aos principais suspeitos pela divulgação de factos e elementos em segredo de justiça aos jornalistas acusados"..Segundo os defensores de José Sócrates, o MP justifica o arquivamento "afirmando que tais indivíduos 'não se mostram identificados' e que 'não logrou colher elementos que permitam determinar a realização de diligências complementares suscetíveis de produzir efeito útil'".."Acontece que estes suspeitos estavam perfeitamente identificados: desde logo, por José Sócrates, no depoimento que prestou como testemunha e com suporte em meios de prova, designadamente testemunhal, que logo indicou; e também pelo próprio Paulo Silva, o principal responsável do órgão de polícia criminal no 'inquérito Marquês' e havia já apontado como únicos suspeitos das permanentes violações de segredo de justiça ele próprio, o procurador Rosário Teixeira e o juiz Carlos Alexandre", lê-se no comunicado..Os advogados acusam o MP de, "apesar dessas denúncias concretas", não só não ter acusado, como decidiu nem sequer investigar os dois colegas magistrados, que cordialmente apenas ouviu como testemunhas, e dispensou Paulo Silva mesmo de prestar qualquer tipo de depoimento"..A defesa de José Sócrates garante que "não se resigna a esta decisão, que fere princípios básicos do Estado de Direito Democrático e atenta contra os direitos e interesses legítimos do seu constituinte, e que irá contrariá-la por todos os meios da lei, designadamente requerendo a instrução pública deste caso"..Os 13 jornalistas, incluindo diretores, hoje acusados publicaram as notícias nos jornais Correio da Manhã e Sol e na revista Sábado..Segundo o MP, no comunicado hoje divulgado, o processo em causa "teve origem numa participação do DCIAP [Departamento Central de Investigação e Ação Penal] por suspeitas de violação do segredo de justiça relativamente à divulgação noticiosa da detenção do ex-primeiro ministro José Sócrates, no dia 21 de novembro de 2014, no aeroporto de Lisboa",.Considera o MP que "ficou suficientemente indiciado que [os acusados], publicaram inúmeras notícias na sequência daquela detenção no período compreendido entre 23 de novembro de 2014 e 30 de março de 2015, tendo por objeto a divulgação do conteúdo de atos processuais, de meios específicos de obtenção de prova e de outros elementos contidos no processo vulgarmente designado como 'Caso Marquês'"..O MP salienta que "era do conhecimento público que todos os conteúdos divulgados se encontravam em segredo de justiça, como foi expressamente informado em comunicados de imprensa da PGR (Procuradoria-Geral da República) datados de 21 de novembro de 2014 e 22 de novembro de 2014".