Advogado dos motoristas: "Não basta uma mão cheia de nada"

Só uma contraproposta poderá levar a desconvocar a greve. Pardal Henriques diz que a proposta do ministro, para voltar às negociações mediadas pelo governo, "é curta".
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"Não basta convidar para nos sentarmos à mesa e oferecer uma mão cheia de nada". Foi assim que Pedro Pardal Henriques, o advogado dos motoristas de transporte de matérias perigosas, reagiu à reunião entre o ministro das Infraestrutuiras e Habitação, Pedro Nuno Santos, e os representantes da Antram - Associação Nacional de Transportadores Públicos Rodoviários de Mercadorias e da Fectrans, a Federação do setor. A greve não será desconvocada, a não ser que "seja apresentada uma contra proposta".

"A proposta do ministro é curta", reagiu Pardal Henriques, sobre o convite feito por Pedro Nuno Santos para voltar à mesa de negociações.

"Nós fizemos uma proposta, aceitamos uma contra proposta", reforçou o advogado. "Se houver, posso levar essa contraproposta no sábado [está marcada uma reunião com os sócios do Sindicato Nacional dos Motoristas de Matérias Perigosas], de resto o que vamos fazer é discutir os serviços mínimos para a greve", acrescentou.

Em declarações à SIC Notícias, o advogado deixou críticas a todos os intervenientes neste processo. Disse que o direito à greve está previsto na Constituição e que não se recorda de alguma vez ter existido uma providência cautelar "contra um direito previsto na Constituição, nem sequer um mecanismo para obrigar a negociar", depois de cinco transportadoras terem anunciado que vão dar entrada, esta quarta-feira, com uma providência cautelar a pedir a ilegalidade do pré-aviso de greve dos motoristas, e de o Ministério das Infraestruturas ter proposto esta segunda-feira aos sindicatos representativos dos motoristas a possibilidade de ser desencadeado "um mecanismo legal de mediação", que obriga patrões e sindicatos a negociar e que permite que a greve seja desconvocada.

Pardal Henriques disse também não se lembrar de serem convocadas as Forças Armadas - se for declarado o estado de emergência por causa da greve, uma possibilidade anunciada pelo ministro da Defesa, João Gomes Cravinho e já criticada pelo sindicato dos motoristas em carta enviada ao Presidente da República - e nem sequer as críticas à greve feitas pelo próprio Marcelo Rebelo de Sousa durante a tarde de hoje.

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