Administração pró-russa de Zaporijia anuncia referendo sobre integração
A administração pró-Moscovo da região de Zaporijia, no sudeste da Ucrânia, anunciou esta segunda-feira o início dos preparativos para a realização de um referendo sobre a adesão à Rússia, noticiou a agência russa RIA Novosti.
A decisão consta de uma resolução assinada pelo líder pró-russo de Zaporijia, Evgeny Balitsky, durante um fórum na cidade de Melitopol, segundo a agência russa, citada pela espanhola EFE.
De acordo com a RIA Novosti, o evento reuniu mais de 700 delegados da região de Zaporijia, todos eles favoráveis à realização de um referendo sobre a sua incorporação na Rússia.
Balitsky anunciou anteriormente a intenção de realizar um referendo na região nos primeiros dias de setembro.
A região de Zaporijia alberga a maior central nuclear da Europa, que está sob controlo russo desde os primeiros dias da ofensiva militar que a Rússia iniciou em 24 de fevereiro.
Várias fontes sugeriram que Moscovo estava a preparar o terreno para referendos em territórios ucranianos sob o seu controlo para 11 de setembro, coincidindo com o dia das eleições locais da Rússia.
As autoridades de Kiev afirmaram que Moscovo "encerrará qualquer possibilidade de negociações com a Ucrânia" se organizar tais consultas.
O Kremlin (Presidência russa) dissociou-se hoje das possíveis consultas e disse tratar-se de iniciativas populares que surgem em territórios controlados por tropas russas.
"Os planos [para organizar referendos] pertencem à população dessas regiões. Não a nós", disse o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, citado pela EFE.
Em 2014, a Rússia invadiu a península ucraniana da Crimeia, que anexou depois com base num referendo que não foi reconhecido por Kiev nem pela generalidade da comunidade internacional.
A Rússia justificou a atual invasão da Ucrânia com o objetivo de proteger as populações russófonas da região do Donbass, no leste do país vizinho.
Peskov afirmou ainda que não há bases para um encontro entre o presidente russo, Vladimir Putin, e o seu homólogo ucraniano, Volodymyr Zelensky.
Os dois presidentes só se podem sentar à mesa das negociações de paz depois das delegações de ambos os países "terem feito os seus trabalhos de casa", indica o porta-voz do Kremlin, citado pela Reuters. "Isso está a faltar e, por isso, não há pré-requisitos necessários para uma reunião", acrescentou.
De referir que as negociações entre Moscovo e Kiev estão paradas há vários meses, com os dois lados a trocarem acusações pela falta de progressos.