Acusado de matar mulher e filha nega ter morto a menor
Segundo a versão do arguido, as coisas precipitaram-se quando, após Zulmira ter saído do quarto no final de uma discussão, ele, passados uns minutos, a seguiu, tendo encontrado a filha "inanimada", no 'hall' de entrada do apartamento. "Perdi a cabeça ao ver a minha filha inanimada e a sangrar, envolta numa poça de sangue. Peguei na faca que estava ao lado dela e fui atrás da minha mulher para o 'hall' de entrada do prédio. Agarrei-a pelos cabelos. Ela caiu ao chão e apunhalei-a compulsivamente por diversas vezes", assumiu. A manhã da primeira sessão do julgamento foi praticamente toda ocupada a ouvir o testemunho do arguido, Sérgio Estorões, de 36 anos, que, contudo, não acusou diretamente a companheira da morte da filha.
"Depois voltei a entrar em casa, voltei para junto da minha filha, que pensava estar morta e depois fui para o quarto dela, onde tentei matar-me, porque ao pensar que a minha filha estava morta, achei que a minha vida tinha acabado", recordou. Sérgio declarou que na noite do crime, 22 de Maio de 2010, se envolveu numa violenta discussão com a mulher, Zulmira Tarmamade, de 32 anos, no apartamento desta, onde também vivia, na Rua Soares Barbosa, em Braga. O arguido afirmou que a discussão se centrou na questão da tutela da filha e da profissão da mãe. "Se continuas a prostituir-te, vou lutar pela custódia da Índia", terá dito.
Afirmou também ter-lhe dito, que nesse fim-de-semana ia para casa dos pais e ia levar a filha, de 10 anos. Sérgio referiu que, de seguida, a mulher saiu do quarto e pensou "que a discussão tinha acabado". "Mas, pouco depois, sou surpreendido por ela a atacar-me com uma faca de cozinha na mão", afirmou. Da altercação, terão os dois ficado com ferimentos. Simultaneamente a filha, Índia, entrou no quarto e "só pedia" para a discussão terminar. Antes da paragem para almoço, foi ouvida a primeira testemunha, a ama da Índia, que viveu no apartamento entre março de 2009 e a data do crime. Na videoconferência, a testemunha afirmou que o arguido pedia muitas vezes dinheiro à mulher e que a filha "não gostava muito dele e não o queria em casa".