A edição do DN do dia 9 de junho de 1958 era inteiramente dedicada às presidenciais da véspera, nas quais Américo Tomás, candidato apoiado pela União Nacional, do regime do Estado Novo, disputara com Humberto Delgado, da oposição democrática, a sucessão de Craveiro Lopes..Numa primeira página carregada de referências elogiosas à forma como decorreu - "na mais perfeita disciplina, liberdade e ordem" - o ato eleitoral, em que não faltava uma referência à "grande manifestação" de apoio recebida pelo presidente do conselho, Oliveira Salazar, quando foi votar no Liceu Pedro Nunes, o DN confirmava a anunciada vitória do antigo ministro dos Assuntos do Mar.."À meia-noite, o apuramento em 142 concelhos era o seguinte: Américo Tomás, 207 830 votos (81%); Humberto Delgado, 48 745 votos (19%)."."Demonstrou-se que os portugueses querem continuar a viver em paz e com ordem", proclamava o governo, através do ministro do Interior, numa peça separada também destacada na capa do jornal..Delgado contestou os resultados, motivando uma recontagem parcial de votos que não mudaria o resultado final. Os números oficiais, anunciados dias depois, davam a Américo Tomás 76,42% dos votos contra 23, 58% do candidato da oposição..Depois dessa eleição, a partir de 1959, a eleição do Chefe do Estado passou a ser uma competência da Assembleia Nacional.