O médico Virgílio Abreu, que integrava a equipa clínica do Sporting à data da invasão da Academia, disse esta quinta-feira em tribunal ter visto Frederico Varandas a desviar-se de uma tocha, que acabou por atingir Mário Monteiro.."O Frederico estava quase à minha frente e vejo passar a tocha que acaba por passar de raspão no Mário Monteiro [preparador físico]", disse o médico na 11ª na sessão do julgamento da invasão à academia leonina, tornando-se na primeira testemunha a referir a presença do atual presidente do clube, à data chefe do departamento médico..Virgílio Abreu disse ter participado numa reunião na véspera, com o então presidente Bruno de Carvalho, na qual foi dito que "quem não estivesse com aquela direção que dissesse"..O médico classificou a reunião como "atípica" e admitiu ter dito a Frederico Varandas que cancelasse as consultas do dia seguinte para estar no treino, explicando que o diretor clínico "nem sempre estava presente no treino".."Frederico, há aqui qualquer coisa que não joga bem, se eu fosse a ti, desmarcava o que tinha para amanhã e vinha ao treino. Parece-me que é melhor estares presente", contou..Virgílio Abreu, que já não está ligado ao Sporting, explicou como socorreu o avançado holandês Bas Dost, que não viu a ser ferido.."Fui buscar Bas Dost ao balneário, vi que estava ferido, e levei-o para a sala de pequenas cirurgias", disse, acrescentando: "Ele estava magoado fisicamente, mas também muito magoado psicologicamente e dizia: 'Como é possível virem a nossa casa e fazerem isto?'"..Virgílio Abreu admitiu não saber quem captou as fotografias que mostram os ferimentos a Bas Dost, garantindo apenas que "não foi Frederico Varandas" e "que havia várias pessoas na sala"..O médico foi a única testemunha ouvida durante a manhã na 12.ª sessão do julgamento da invasão à academia 'leonina', em 15 de maio de 2018, que decorre no Tribunal de Monsanto, em Lisboa, com 44 arguidos..Bruno de Carvalho, antigo presidente do Sporting, Mustafá, líder da Juventude Leonina, e Bruno Jacinto, ex-oficial de ligação aos adeptos, estão acusados de serem os autores morais do ataque à academia de Alcochete. Estão ainda acusados de 40 crimes de ameaça agravada, de 19 crimes de ofensa à integridade física qualificada e de 38 crimes de sequestro, todos estes (97 crimes) classificados como terrorismo..O julgamento prossegue à tarde com as inquirições do futebolista Daniel Podence, via Skype, e Ricardo Vaz.